meuprofessor1

Organizadora da campanha, a Ocupação Preta é uma das entidades que luta por cotas raciais na USP / Foto: Victória Damasceno

[Por Victória Damasceno – Carta Capital – 04.04.2017]   Na sala de aula, ela tirou uma nota considerada boa. Com a prova corrigida, o professor fez Tati Ribeiro Nefertari refazer o exame ao seu lado, como prova de que havia conseguido atingir aquela nota sozinha.

“Refiz a prova, tirei uma nota ainda maior, e não tive um pedido de desculpas”, conta Nefertari numa postagem em seu Facebook com a hashtag #MeuProfessorRacista.

Com o intuito de fazer denúncias de professores que cometeram atos de racismo nas salas de aula, o coletivo Ocupação Preta da USP, formado por alunas e alunos negros da universidade, lançou a campanha #MeuProfessorRacista, em que negros e negras contam situações de racismo que sofreram nos ambientes escolares e universitários.

meuprofessor2

meuprofessor3

meuprofessor4

A campanha surgiu a partir de uma discussão ocorrida em uma sala de aula da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Em uma das aulas, uma das alunas questionou a presença de racismo na obra de Monteiro Lobato.

Segundo uma publicação do Facebook da Ocupação Preta, a discussão foi “abafada aos gritos” pela professora, que recebeu a questão “em tom de chacota”.

Para retomar a discussão, dias depois a Ocupação entrou na sala de aula para, segundo o coletivo, “suscitar uma retomada histórica contida no debate racial que permeia as obras escritas por Monteiro Lobato”.

Retirados à força pelos seguranças do campus, os membros do coletivo lançaram uma nota comentando o ocorrido e chamando alunas e alunos negros das instituições de ensino do Brasil para participarem da campanha virtual.

“Sabendo que se perpetua nas universidades uma diretriz e um embasamento teórico pertencente à branquitude, levantamos a necessidade de que a professora conheça, discuta ou ao menos escute o que os alunos têm a dizer, abandonando seu posto de superioridade”, argumenta o coletivo na nota.

Criada inicialmente no Facebook, a campanha já atingiu outras plataformas virtuais, e está em 9˚ lugar nos Trending Topics do Twitter.