Faz pouco tempo, todos lembramos, virou manchete o assassinato de um casal de namorados, com requintes de maldade. Foi em Embu-Guaçu, São Paulo. Numerosos “agentes de midia” disseram que era uma questão fundamental para o país a redução da maioridade penal para 16 anos. O assassino, no caso, era um menor marginalizado, conhecido como Xampinha. Pais e amigos de vítimas, jornalistas, rabinos, apresentadores de programas de tv, políticos de passado nebuloso, todos julgaram que esse era o assunto do momento, aquilo que tinhamos que resolver logo. E que o resto era secundário. Em especial, colocavam em segundo plano, e até ridicularizavam, quem sequer sugerisse que o problema era um pouco maior do que isso.
Para quem tem memória, nenhuma novidade. Já aconteceu antes.
Mas seria interessante comparar as “explicações” para esse crime com aquelas que choveram quando uma jovem de boa família e boas posses planejou e executou a morte de seus pais. Aconteceu em São Paulo, em um bairro elegante, em 2002. Muito se escreveu e disse, a respeito da educação errada dos jovens, dos problemas psicológicos, dos cuidados
preventivos que deveriam ser tomados para evitar tais tragédias.
Nenhuma apresentadora de TV declarou que desejava matar a jovem. Nenhum rabino recomendou a pena de morte. Todos muito compreensivos, ainda que chocados. Todos muito chocados, mas compreensivos.
Para quem tem memória de classe, nenhuma novidade. Pobre criminoso é criminoso – e chega!. Jovem rico criminoso é jovem… que errou. A diferença não está no ato praticado: está na cor, na riqueza, na posição social. E é assim que a dor da gente aparece no jornal. Cada qual com seu valor e seu preço.

                                                                                       (Por Regis Moraes)