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[Por Mônica Bergamo/ Folha de S.Paulo] Os garçons do Palácio da Alvorada ainda servem café quente para a presidente afastada Dilma Rousseff. Na quinta-feira passada (26), ela recebeu a Folha para uma entrevista e pediu que servissem também “alguma comidinha”. Foi prontamente atendida, mas reclamou: “Não tem pão de queijo?”. Dilma, segundo assessores, segue mais Dilma do que nunca. Acorda cedo, despacha, dá bronca, exige pontualidade e se apega a detalhes. Aparenta estar forte e até algo aliviada longe da rotina do Palácio do Planalto, de onde foi afastada depois que o Senado votou pela abertura do impeachment, há 18 dias.

Diz que não sente falta de nada. “Eu trabalho o mesmo tanto. Só que agora faço outras coisas”, afirma. Recebe senadores, deputados, ex-ministros. Com eles, participa de discussões em redes sociais. “Temos que defender o nosso legado. E com pouco recurso. Atualmente nós temos um blog. Ele nos consome”, afirma. Na semana passada, acompanhou cada detalhe da divulgação, pela Folha, de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros e com José Sarney.

“As razões do impeachment estão ficando cada vez mais claras”, afirma, sorrindo. As conversas revelam tentativas de interferir na Operação Lava Jato e a opinião de que, se Dilma saísse do governo, as investigações poderiam arrefecer.

Dilma não poupa críticas ao governo interino de Michel Temer e diz que ele terá que “se ajoelhar” para Eduardo Cunha, com quem “não há negociação possível”.

Leia os principais trechos da conversa.