1-  O conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil culminaram, no dia 1 de abril de 1964, em um golpe militar. Você acredita que hoje a grande mídia continua mascarando informações e apoiando o governo?   

Sim. Acredito que a grande mídia continua mascarando informações. No momento ela não defende o governo, ela ataca. Ela tenta derrubar. A grande mídia é parte do bloco de poder. No Brasil, não é sequer republicana no sentido de ser isenta e buscar o bem comum. Não swe trata de querer neutralidade. Um meio de comunicação pode não ser neutro. Ele pode ter um lado, desde que deixe isso claro. Nossa imprensa se diz neutra e não é. Ou seja, faz um jogo sujo. O Jornal como o O Globo, por exemplo, seria legítimo se se assumisse como um veículo de comunicação das classes dominante. A revista Veja seria legítima se se apresentasse como uma revista da extrema direita. Mas, não. Eles vendem gato por lebre. Não reportam os fatos. Fazem o que bem entendem com a notícia.

2 – Na época da ditadura, vários jornais alternativos surgiram para combater a mídia hegemônica. Com o avanço da tecnologia e o bombardeio de informações diárias, como a comunicação alternativa deve ser trabalhada?  

Essa é uma discussão que ainda vai levar tempo até entendermos o que significa realmente a comunicação pelas redes sociais. A comunicação da Internet. O que importa é que a necessidade de jornais alternativos continua existindo. Tem me chamado a atenção para o nascimento de jornais impressos em favelas, o que mostra que as pessoas não querem ficar só nas redes sociais. Por outro lado, mesmo nas favelas, surge uma série de mídias alternativas pela internet. Assim como grupos de jornalistas se organizam para trabalhar a partir de sites na Internet. Por enquanto, o melhor é seguirmos a receita do mestre Vito Giannotti: investir na comunicação impressa, no rádio e na internet. Sem desistir da televisão, é claro.

3 – Pesquisas mostram que Jornal Luta Sindical tinha um papel educativo e combativo politicamente a favor dos trabalhadores. Hoje em dia, como você analisa o papel da imprensa alternativa?

Tem de tudo. Diria que a comunicação sindical ainda é muito pautada apenas pelas questões coorporativas. A mídia popular, depois de muito tempo inexistente, ainda busca um jeito seu. E a comunicação alternativa tanto o Brasil de Fato quanto algumas iniciativas na Internet, como a revista Fórum e o próprio boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação, cumprem um papel que vai além do papel de um jornal. Cumprem um papel educativo

4 – Há grandes indícios de que o jornal impresso possa acabar. Quais suas perspectivas para o futuro da comunicação?   

Hum!!!! Você me pegou. Como é mesmo que diz a Glória Pires? “Não tenho condições de opinar”. Eu não leio mais jornal impresso, mas não porque prefira a Internet. Não leio porque não aceito as omissões, distorções e manipulações dos jornalões. Não vou pagar para ler editorial de O Globo pedindo golpe. Mas eu adoraria ter um bom jornal, com notícias bem apuradas, bem escritas, organizadas por editorias. Gostaria de continuar contando com o trabalho dos jornalistas, mas do jeito que estão os jornais brasileiros, melhor ir buscar na Internet. É aí o leitor faz o trabalho do jornalista. Apura, seleciona, faz uma síntese. Se continuar assim vai ficar como os bancos. Não precisa mais de bancário, a automação tomou conta. E nós viramos funcionários não remunerados dos bancos. Fazemos depósitos, sacamos, pagamos contas.

Eu gostaria de ler um jornal diário no qual eu confiasse, como leio o Brasil de Fato toda semana. Mas jornal é diário. Dia em francês em jour. Jornal em francês é journal. Em espanhol é diário. Em inglês é news (novidade).