Em uma das frases mais emblemáticas, Claudia Santiago, coordenador do NPC, afirmou: “Eu tenho orgulho do meu homem, do homem que fez de tudo por todo mundo”. Também ressaltou que seguirá, junto com o NPC, o legado do homem quededicou sua vida à luta dos trabalhadores.

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Fonte: Sintuperj/Foto Samuel Tosta

Em 10 de setembro, as entidades representativas dos trabalhadores da Uerj, o Sintuperj e a Asduerj (Associação dos Docentes), em cerimônia, homenagearam a memória de Vito Giannotti, coordenador do NPC, um dos grandes nomes do jornalismo sindical no Brasil. A memória do sindicalista, jornalista e escritor, que faleceu no último dia 24 de julho aos 72 anos de idade, foi exaltada em evento promovido no auditório 91, 9º andar do Pavilhão João Lyra FIlho, pelas entidades representativas dos trabalhadores da Uerj, o Sintuperj e a Asduerj (Associação dos Docentes). No começo da cerimônia, foi exibido um vídeo com momentos históricos importantes e depoimentos da vida de Giannotti.

A condução da homenagem a Vito Giannotti ficou por conta da servidora Rosalina Barros, que deu início ao evento falando da trajetória do comunicador, que desembarcou no Brasil no ano de 1966, aos 23 anos de idade, para construir sua trajetória de luta política ligada aos setores operários e ao empoderamento dos mesmos para que pudessem difundir de maneira democrática suas ideias. O italiano radicado no Brasil de corpo e alma construiu um importante legado na área de comunicação sindical e popular, fundando o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e ensinando aos trabalhadores a utilizar técnicas do jornalismo como ferramentas contra-hegemônicas frente aos ataques da mídia tradicional contra os direitos conquistados com muito suor pela classe operária. Rosalina se emocionou e descreveu Vito como: “dono de um coração enorme, que estimulava amigos por onde passava e tinha sempre uma palavra de carinho, de consolo e de esperança, sempre berrando contra a injustiça,  a exploração,
contra a exclusão e contra o sistema capitalista”.

Em seguida, a coordenadora geral do Sintuperj Regina de Fátima de Souza, como forma de prestar homenagem a trajetória de luta de Vito, contou que procurou algo especial para traduzir o seu sentimento e o do Sintuperj em agradecimento ao legado de Giannotti. Escolheu levar para o evento a Agenda de Mulheres, um dos muitos materiais elaborados pelo NPC, por ser um importante material de Vito para divulgar a história e a importância da luta das mulheres em nossa sociedade. Regina comparou Vito a uma estrela que segue iluminando os caminhos daqueles que lutam e sonham: “Um homem não morre com os seus pensamentos, sua essência fica…e a essência dele fica sempre para nós”.

A coordenadora do Sintuperj finalizou sua homenagem ressaltando a preocupação do comunicador com as classes operárias, além de ler um texto bem humorado lembrando do jeito despojado e autêntico de Giannotti, que cativou companheiros de luta e transformou muitos lutadores populares em amigos.

A coordenadora geral do Sintuperj, Regina de Fátima de Souza, homenageia Vito Gianotti em sua participação no evento

A diretora da Asduerj, Lia Rocha, que iniciou sua explanação se declarando impressionada com os relatos e declarações em homenagem a Vito Giannotti, que são provas do potencial transformador de seu legado junto aos trabalhadores. Também enfatizou a importância de ter conhecido Vito para sua trajetória militante, o que lhe dá forças para seguir na luta.“Vito contribuiu para mostrar também que a forma é que faz a diferença. Isso também tem haver com a forma como ele falava, gritava… A energia, a indignação e a raiva não tem que ser colocadas de lado. Elas tem seu lugar de importância. A gente precisa de gente indignada para colocar o coração onde está nossa razão, deixar que o coração domine um pouco”.

Lia finalizou sua fala emocionada se dirigindo a Cláudia Santiago, ressaltando a gratidão da Asduerj em poder homenagear Vito Giannotti: “está sendo um grande aprendizado de ver como você está levando essa situação difícil, mas também de poder ouvir e de poder vivenciar e aprender um pouco mais do Vito mesmo depois dele ter ido”.

Seguindo com as homenagens, o servidor Alberto Dias Mendes ressaltou que recebeu a notícia de falecimento de Vito Giannotti poucos momentos antes da apresentação de um trabalho em seminário, o que fez com que a participação neste evento fosse transformada em uma homenagem à sua memória. Para Alberto, é preciso que todas as homenagens sejam feitas ao comunicador, que foi uma das principais referências de luta para a esquerda brasileira. O servidor relembrou que Vito foi o responsável pela elaboração da primeira apostila e do primeiro curso de formação de comunicadores sindicais da Asuerj, Associação dos Servidores, entidade que deu origem ao Sintuperj, e destacou que: o principal legado deixado por Vito Giannotti é que a comunicação é vital para a vida política e a transformação da sociedade, devendo ser abraçada e produzida por todo movimento que se autoproclame revolucionário, ressaltando que com essa visão que norteou toda a obra de Giannotti mudou toda a concepção de imprensa sindical e popular no país.

Além das falas dos convidados que compuseram a mesa de homenagens, o microfone foi aberto aos membros da comunidade uerjiana presentes no auditório para que puderam prestar homenagem a trajetória de luta e ao legado de Vito Giannotti. E durante estas intervenções, o coordenador geral do Sintuperj Antonio Virgínio Fernandes aproveitou o espaço para fazer sua homenagem pessoal a Vito, que com sua simplicidade e clareza contribuíram muito para o desenvolvimento da comunicação sindical no país.

Outros presentes como os jornalistas Arthur William e Silvana Sá, além de Luiz Ricardo Leitão, professor da Uerj e colunista da editoria regional do jornal Brasil de Fato no Rio de Janeiro, destacaram as inúmeras contribuições de Vito para a luta dos trabalhadores da Uerj.

Ao final das homenagens da comunidade uerjiana, a palavra foi passada para Claudia Santiago, viúva de Vito Giannotti, que agradeceu as homenagens prestadas a memória de seu falecido marido, que de acordo com Claudia tinha a ideia fixa de mudar a realidade.

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De acordo com a jornalista, Vito era um homem desprendido de vaidades, com “seus dois pares de sandálias franciscanas”, mas que se importava com ações que levassem a revolução popular, como a formação dos trabalhadores utilizando a comunicação como ferramenta, e sua dedicação fez com que ele trabalhasse até o último dia de sua vida. Claudia ainda falou com ternura sobre detalhes pessoais de sua vida com Vito Gianotti, lembrando que ” era o marido que fazia café da manhã e dava flores todos os dias”, a fazendo sentir “a pessoa mais amada do mundo”. Em uma das frases mais emblemáticas, Claudia afirmou:

“Eu tenho orgulho do meu homem, do homem que fez de tudo por todo mundo” ,
e afirmou que seguirá, junto com o NPC, o legado do homem que
dedicou sua vida à luta dos trabalhadores.

A homenagem a Vito Gianotti foi encerrada com intervenção musical do Rapper Fiell, que versou seu rap consciente inspirado no legado de Vito, um lutador, um trabalhador incansável que abraçou a causa do proletariado e deixou grandes contribuições para a sociedade

Fonte: Sintuperj

Fotos: Samuel Tosta