[Por Vito Giannotti] De 24 a 27 de janeiro, antes do Fórum de Belém o MST, juntamente com as prefeituras locais, organizou o Fórum Social Carajás. Justamente nas terras onde impera o latifúndio e a mineração da Vale e que é palco de grandes lutas pela Reforma Agrária. Em 17 de abril de 1996, a polícia militar do Pará protagonizou uma chacina em Eldorado dos Carajás, que resultou na morte de 19 trabalhadores sem-terra. No local onde ocorreram as mortes, conhecido como Curva do S, foram fincados 19 troncos queimados de castanheira – planta típica da região, simbolizando os 19 mártires. 

Na manhã do dia 26, durante o Fórum Social Carajás  os participantes do Fórum foram ao assentamento Palmares, mais uma conquista dos sem-terra. Lá,foram inaugurados a Pedra Fundamental do Instituto Amazônico Latino-americano e um estádio com o nome de Che Guevara. 

À tarde foi realizado um ato com cerca de 500 pessoas, entre moradores dos assentamentos da região e participantes do Fórum. Antes do ato, as delegações estrangeiras e personalidades brasileiras plantaram mudas de castanheira no local onde estão fincados os 19 troncos de castanheiras. É um símbolo do desafio que os movimentos fazem à morte e da esperança de vida que eles representam.
 

A dois quilômetros de onde o latifúndio mandou assassinar os sem terras que exigiam Reforma Agrária em 1996, hoje existe uma cidade rural, chamada Assentamento 17 de abril. Este é o resultado da luta pela Reforma Agrária que custou aquelas 19 vidas. Neste assentamento, após o ato na Curva do S, Aleida Guevara, filha de Che Guevara e da Revolução Cubana, fez um discurso que terminou com o grito de guerra: “Globalizemos a luta – Globalizemos a esperança”.

Ao final da visita, os ex-sem terra ofereceram aos 500 visitantes um jantar com produtos dos próprios camponeses assentados na sua nova cidade.