[por Vito Giannotti] No dia 20 de março, os leitores daquele jornal paulista que inventou a “ditabranda” não viram, na capa, a notícia da maior greve mundial dos últimos tempos. A manchete principal mal disfarça a alegria dos manda-chuvas do jornal. É um título há muito esperado pela Folha: “Com crise, cai aprovação de Lula!”. Ufa! Finalmente a Folha pôde fazer seu título há tanto esperado.

Mas o esforço do jornal da ditabranda aparece descarado na foto principal da capa daquele dia. Precisava esconder dos seus leitores, naquela capa, uma foto da enorme greve que levou para as ruas entre 1 milhão e três milhões e meio de manifestantes (dependendo das diferentes avaliações). A lógica jornalística, se o objetivo fosse informar os leitores, exigia este mínimo. Seu rival de mercado, embora com a mesma ideologia conservadora, O Estado de S.Paulo colocou na sua capa uma enorme foto de cinco colunas, mostrando uma das 226 passeatas que aconteceram durante aquela greve. O carioca O Globo estampou uma grande foto de quatro colunas em sua capa.

A FSP, não. Arrumou uma grande foto insignificante de um porão do Senado que poderia ser usada no dia seguinte, e pronto! Está feito o tapete para esconder, da capa, a greve francesa. Curioso é que no caderno B, página 6, há um artigo muito bem feito pela colaboradora do jornal em Paris, Cíntia Cardoso. Quer dizer, a Folha sabia muito bem da importância daquela greve. Sabia, sim. A repórter contou. Mas, a saudade dos tempos da ditabranda deixou suas marcas. Tem que esconder o que não interessa. E, veja só, não precisa censura. É só pensar nos seus interesses de classe. Assim, muitos dos seus leitores não viram aquilo que a ditabradnda não gostava: uma greve. Ah! Que horror!