Foto: Miguel Manso

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[Por Rosângela Ribeiro Gil] Belíssima a reportagem assinada por Hugo Torres, no jornal “Público”, de Portugal, intitulada “Estão a dever-me as horas extraordinárias dos últimos 20 anos”. Ele acompanhou, no dia 15 de junho último, uma manifestação de educadores, na Avenida da Liberdade, na capital Lisboa, e fez o “favor” aos seus leitores de não apenas transcrever declarações, mas de descrever o jeito e a ação das pessoas que ali protestavam contra o que a professora Maria Clara Brito tão bem sintetizou: “A escola pública está em risco.”

Um texto simples. De uma testemunha ocular. Não no sentido estrito, mas amplo do termo. Genial, portanto, como introduz o educador Amílcar Coelho na matéria. “Encontramos este professor de Filosofia, de 60 anos, quando já quase não sobra gente nos Restauradores. Bebe uma Coca-Cola e olha os carros, sozinho. Vivemos numa sociedade do desprezo.”

Coelho continua seu ensinamento ao repórter, extensivo a qualquer país, como o Brasil, onde manifestações estão sendo ditatorialmente reprimidas na maior capital brasileira. “O Governo optou por uma política de quero, posso e mando, de ruptura”, e “não manifesta o mais pequeno respeito” pelos professores. Façamos nós, aqui no Brasil, uma adaptação, e não manifesta o menor respeito aos que protestam.

O professor de filosofia faz um lamento que deve estar em mentes e corações de muita gente: “Gostaria de viver num país em que houvesse diálogo, em que nos escutássemos uns aos outros, e que construíssemos as coisas em conjunto, mas hoje há posições totalmente estribadas, totalmente radicalizadas.”

Vale à pena a leitura de todo texto do jornalista português para mostrar o quanto estamos acompanhados nas lutas populares que pipocam mundo afora.