Apresentação por Reginaldo “Régis” Moraes

Prezado leitor, esta brevíssima apresentação é apenas um convite e um apelo: não deixe de ler. E não deixe de pensar sobre a riqueza de fatos e materiais que encontramos neste romance-tese de Rosângela.

O personagem central desta trama é a Oposição Sindical Metalúrgica (OSM). Era uma frente de trabalhadores que queria conquistar seu sindicato, dos metalúrgicos da capital paulista, resgatando-o das mãos de pelegos e interventores encastelados pela ditadura militar. Mas a OSM queria bem mais do que isso: queria inventar e propagar um novo modo de fazer luta sindical e luta operária, queria nocautear o regime, queria introduzir a classe operária na política e abrir o caminho para uma sociedade sem exploração, uma sociedade que não sabia exatamente definir, mas pressentia como horizonte e utopia.

A OSM jamais conseguiu conquistar seu objetivo ‘menor’, resgatar seu sindicato. E, paradoxalmente, deu significativa contribuição para avançar nos objetivos ‘maiores’. Não conseguiu o “isso” que está no parágrafo acima, mas avançou bastante naquele “bem mais do que isso”. Graças a ela – e nela inspiradas – propagaram-se, no País inteiro, oposições sindicais que mudaram a cara do movimento operário. Com o tempo, a OSM foi se juntando, com diferenças, a um outro vigoroso movimento, do vizinho ABC, onde despontava uma liderança sindical de novo tipo e que teria papel central na virada do século. O sindicalismo do ABC paulista e o sindicalismo da OSM caminhavam, por vezes, como formas remoçadas de Esaú e Jacó. E talvez uma das grandes lacunas da inventividade política de nossa esquerda foi a incapacidade de fortalecer a soma dessas forças. Quem sabe o futuro nos leve para aquele cenário que Chico Buarque retratou metaforicamente: “o acaso fez com que essas duas, que a sorte sempre separou, se cruzem pela mesma rua, olhando-se com a mesma dor”. De uma dor da qual, por vezes, se faz o parto.

Leia o livro aqui:  http://www.iiep.org.br/sistema/arquivos/docs/confronto_operario.pdf