Tanto faz tratar-se da Folha de São Paulo, do Estado do Maranhão, da Zero Hora, do Diário Catarinense ou do Estado de Minas. A realidade é sempre a mesma: estes veículos de mídia são veículos de uma visão de mundo, de valores e projetos de uma mesma classe.

 

No dia 25 de maio, o Estado de Minas, como a maioria dos outros jornais do País, noticiou a decretação da prisão de José Rainha, por obra de um juiz qualquer deste nosso imenso País.

A manchete, devidamente editada, traz uma informação simples, objetiva, quase neutra poderíamos dizer: Lideres do MST estão foragidos. Logo, no chapéu encontramos a posição do vetusto jornal: Juiz diz que Movimento atenta contra a ordem. 

Taí o que o Estado de Minas quer reafirmar na cabeça dos seus leitores.

 

Mas a aula sobre a neutralidade da mídia burguesa está por vir. No corpo do artigo vai uma frase que é uma aula sobre esta imparcialidade. Vejamos:”Rainha que saiu há uma semana da prisão depois de ter sido detido com uma escopeta calibre 12, não foi encontrado em sua casa.” E por aí vai!  

 

À primeira vista tá tudo certo. Só que o Estado de Minas esqueceu-se de dizer que Zé Rainha negou o tempo todo que esta arma fosse sua. O glorioso jornal não disse que o primeiro Boletim de Ocorrência, feito na noite na qual Zé Rainha foi preso, dizia que o motorista assumiu que a tal escopeta era dele.  E esqueceu de dizer que a prisão do líder do MST foi totalmente baseada num segundo Boletim completamente diferente do primeiro. Esqueceu que o delegado, que na noite não estava no plantão, disse não ter conhecimento do primeiro boletim. Esqueceu-se de várias outras coisas. Afinal, um artigo não precisa dizer tudo, não é mesmo?

 

Não dizer determinadas coisas, calar sobre determinadas informações é distorcer totalmente a verdade. E a tal neutralidade da imprensa burguesa falada nas escolas de jornalismo, como é que fica? Não passa de uma piada de papagaio. 

( por Vito Giannotti)