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No dia 31 de janeiro, inauguramos, no Espaço Gramsci, a Biblioteca Popular Carolina de Jesus. Todos que passarem pelo local poderão ler os livros ali mesmo, das 13h às 18h. Já os alunos do NPC poderão levar as obras para casa.

Nós, do NPC, sempre incentivamos a comunicação popular. Acreditamos que é fundamental os trabalhadores falarem e divulgarem sobre o seu dia a dia. Sobre suas alegrias e tristezas, angústias, dores e sonhos. Foi por isso que decidimos homenagear a revolucionária escritora Carolina Maria de Jesus. Escolhemos seu nome para batizar a Biblioteca Popular que estamos inaugurando semana que vem por acreditar na força de sua literatura. Por entender que sua escrita é um caminho possível para a sensibilização dos leitores e para o despertar do desejo de mudança.

Carolina de Jesus (1914-1977) nasceu em uma comunidade rural no interior de Minas Gerais. Anos mais tarde, mudou-se para a favela do Canindé, em São Paulo. Tornou-se catadora para sobreviver. Nos cadernos que encontrava no lixo, passou a registrar seu cotidiano e a anotar seus sonhos e suas reflexões, principalmente sobre as desigualdades sociais. Foi assim que se descobriu e revelou-se escritora. Sua obra Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960) é uma pérola de nossa literatura. Apesar disso, durante muito tempo ficou desconhecida por grande parte do público brasileiro.

Segundo a educadora e jornalista comunitária Miriane Peregrino, Carolina é uma escritora que incomoda as classes dominantes de todas as épocas. “Mulher, negra, favelada e com apenas dois anos de escola formal. Carolina é uma escritora que nasce distante dos padrões da cultura letrada, dos perfis dos cânones literários. Assim, no campo literário e fora dele, Carolina e sua obra enfrentam muitos preconceitos e estigmas até hoje”, escreveu Miriane em texto publicado no Livro-Agenda do NPC de 2018.

Por todos esses motivos, queremos que a escritora Carolina Maria de Jesus seja conhecida pelo maior número de pessoas possível. No espaço que estamos inaugurando em sua homenagem, realizaremos eventos, debates e atividades diversas que celebrem a escrita e a leitura como ferramentas de busca por justiça social e garantia de direitos.

Viva Carolina Maria de Jesus!