Por Diogo Coelho

O Globo, em sua manchete de capa de hoje, assume ares de tribunal de exceção. Sem que haja qualquer indício ou prova, sem que tenha havido nenhum julgamento (com direito à defesa e a contraditório), o jornal taxa como vândalos os 70 manifestantes detidos nas escadarias da Câmara de Vereadores na noite da última segunda-feira.

Vários relatos indicam que a polícia prendeu indiscriminadamente pessoas que estavam sentadas na escadaria, sem que houvesse nenhum flagrante de delito ou ordem judicial para tanto. Estão presas e responderão absurdamente pelo crime de formação de quadrilha, entre outros. Isso é gravíssimo em uma democracia.

Mas O Globo não se preocupa com isso. Em exercício de péssimo jornalismo e editorialização moralista e sensacionalista da notícia, decreta que eram todos vândalos. Como decretou em seu editorial de 2 de abril de 1964 que o golpe militar da véspera viera para salvar a democracia.

Esta capa de hoje entra para a história do jornalismo pela porta dos fundos. Vira exemplo negativo dos abusos da grande imprensa, como o já clássico caso da Escola Base em São Paulo, na década de 90 (quem não conhece ou não se lembra do caso, é só jogar no Google).