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[Por Rodrigo Castelo para o Livro-Agenda NPC 2018] A Revolução de Outubro de 1917 desatou o futuro, como escreveu Maiakóvski. Há um século, as suas centelhas alcançam o presente. Estes sinais carregam consigo ricas lições.

A Revolução Russa tem um imenso legado. Suas lutas foram homéricas e continuam atuais: contra a exploração capitalista (via a supressão da propriedade privada) e a opressão do patriarcado e do machismo, pelo fim do imperialismo e suas guerras, em defesa da reforma agrária, dos direitos da autodeterminação dos povos, da universalização dos direitos sociais e trabalhistas, e tantas outras pautas de interesse histórico da classe trabalhadora.

Na virada do séc. 19 para o 20, os bolcheviques captaram as especificidades do seu país, sem perder de vista as dimensões universais do capitalismo na fase clássica do imperialismo. Por isso, dentre outros fatores, conseguiram iniciar a transição socialista. No Brasil do séc. 21, coloca-se a mesma tarefa  urgente à classe trabalhadora: interpretar a realidade – de acordo com as particularidades do capitalismo dependente, articulando-as à universalidade capitalista no novo imperialismo – para transformá-la de forma radical.

A experiência da Revolução Russa é um marco para a Revolução Brasileira, assim como os processos revolucionários no Haiti, México, Iugoslávia, China, Coreia, Cuba, Argélia, Vietnã, Moçambique, Venezuela, Bolívia, etc. Mas, como fizeram os bolcheviques, a Revolução Brasileira seguirá seu curso quando (re)construirmos, sob uma base internacionalista, a nossa estratégia revolucionária. E aqui não faltam exemplos de luta: a resistência dos povos originários, os Quilombos, a Revolta dos Malês, Praieira, Quebra-quilos, Cabanagem, Sabinada, Canudos, Contestado, a Revolta da Chibata, os anarquistas, a Greve Geral de 1917, Coluna Prestes, os comunistas, o Bloco Operário-Camponês (BOC), o levante da ANL em 1935, Porecatu, Ligas Camponesas, as lutas contra a ditadura de 1964, a Teologia da Libertação, as greves no ABC paulista, Anistia e Diretas Já, a ocupação da CSN em 1988, os movimentos sindicais, estudantis e sociais de raça, gênero e diversidade sexual, a Via Campesina…

O futuro nasceu em 1917. Cabe a nós realizá-lo no presente.