Por Marina Schneider, do NPC

Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre democratização da comunicação apontou que 71% dos entrevistados querem mais regras na definição do conteúdo da TV aberta. O dado foi anunciado por Gustavo Venturi, professor do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e um dos orientadores da pesquisa na última sexta-feira (18), no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.

gustavoOutro dado importante que a pesquisa obteve foi a falta de informação sobre a propriedade dos meios de comunicação. Sete em cada dez entrevistados não sabiam que as emissoras de TV aberta são concessões públicas. A pesquisa apontou que 60% acham são “empresas de propriedade privada, como qualquer outro negócio”.

Para Venturi, a difusão dessas informações que a maior parte das pessoas não tem é fundamental para fomentar o debate sobre democratização da comunicação. “As pessoas talvez não vejam a comunicação como um direito próprio”, apontou. Segundo ele, alterar essa percepção só é possível através de mobilização e discussão. “O projeto de lei de iniciativa popular está sendo importante para fomentar o debate público sobre a questão”, avaliou, se referindo ao Projeto de Lei da Mídia Democrática lançado pela campanha Para Expressar a Liberdade este ano.

Quase metade quer controle social da programação 

O desejo de que a programação e a publicidade sejam definidas e fiscalizadas através de controle social, ou seja, através de um órgão ou conselho que represente a sociedade, apareceu nas repostas de 46% dos pesquisados. Menos de um terço (31%) avalia que deve ser mantida a auto-regulamentação.

Falta de programação regional e pouco espaço para trabalhadores

A ausência de regionalização na programação também foi apontada pelos entrevistados. Apenas 35% dos que responderam à pesquisa de opinião avaliam que a TV aberta dá notícias sobre todas as regiões do país de forma equilibrada. Para a maior parte das pessoas (61%), a TV dá mais espaço para empresários do que para trabalhadores.

Mulheres, nordestinos e negros retratados com desrespeito 

Grande parte dos entrevistados acha que às vezes a TV retrata as mulheres com desrespeito (47%). Já 17% acham que quase sempre as mulheres são desrespeitadas na TV. Com os nordestinos os número são parecidos: 44% acham que às vezes eles são tratados com desrespeito, enquanto 19% acham que isso ocorre quase sempre. Para a metade dos entrevistados (49%) a população negra é retratada com desrespeito.  Um percentual parecido (52%) avalia que esta parte da população é menos retratada do que deveria.

A pesquisa foi realizada pelo Núcleo de Estudos da Opinião Pública da FPA e realizou 2.400 entrevistas. Foram investigados cinco eixos principais: Consumo de mídias; Mídias, interesse e participação; Propriedade dos meios de comunicação; Regulamentação da mídia e Pluralidade e diversidade na TV. O principal objetivo foi investigar as percepções da sociedade sobre os meios de comunicação.

Veja a pesquisa completa.

Assista ao vídeo do lançamento da pesquisa no Rio de Janeiro: