A notícia é simples. Segundo pesquisa do Barômetro Iberoamericano de Governabilidade, feita por institutos de pesquisa em 17 países da América Latina Espanha e Portugal, “o brasileiro é o quarto povo mais direitista da América Latina”.

Não interessa aqui analisar o método desta pesquisa. Queremos só destacar um aspecto que pode ajudar a entender a centralidade da comunicação na disputa de hegemonia. Ao mesmo tempo em que os brasileiros pesquisados se dizem favoráveis à globalização comercial (72%), somente 13% disseram acreditar que a ALCA será benéfica ao Brasil:  47% declararam que ela será negativa e 40% estão em dúvida.

Como se explica que esta mesma pesquisa que coloca o brasileiro como o quarto povo mais à direita na região, tenha detectado uma grande rejeição à ALCA que é exatamente o projeto de globalização dos EUA para a América Latina?

Uma pista para este enigma é a campanha contra a ALCA feita por inúmeras organizações e movimentos sociais nos anos 2000, 2001 e 2002. Todos lembramos dos plebiscitos sobre a Dívida Externa e sobre a implantação da ALCA. Foram dez milhões de votos, em urnas populares, contra o projeto norte-americano. Os resultados desta ampla campanha, que realizou milhares de reuniões em escolas, bairros, sindicatos e comunidades, apareceu agora com esta pesquisa noticiada no jornal Valor, em 12 de julho. Ta aqui mais uma prova da centralidade da comunicação para a disputa de hegemonia.

(Por Vito Giannotti)