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Moradores e especialistas que elaboraram o Plano Popular recebem prêmio. Foto de William Santos/UFRJ

[Por Sheila Jacob] Na noite de terça-feira, 3 de dezembro, foi anunciado o resultado do “Urban Age Award”, um concurso internacional que avaliou 170 projetos da Região Metropolitana do Rio. O prêmio é de 80 mil dólares. O projeto vencedor foi o Plano Popular da Vila Autódromo, elaborado por moradores com a assessoria técnica de especialistas da UFRJ e da UFF. O plano prevê a permanência da comunidade, ameaçada de remoção pela Prefeitura do Rio. Também propõe a urbanização e a melhoria das condições de vida dos moradores. A premiação é concedida pelo Detusche Bank (Banco Alemão) e pela London School Economics. Desde 2007 são premiadas iniciativas que contribuem para uma melhoria na vida das cidades e preveem melhor qualidade ambiental e de vida para a população. O júri é composto por especialistas internacionais e do país onde estão sendo avaliados os projetos.

Histórico de resistência

No mesmo dia 3, foi realizada na Câmara dos Vereadores uma audiência pública sobre as remoções no Rio. Ela foi convocada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos. “Em nossa cidade, grandes investimentos financeiros, articulados com empreiteiras, resultaram na remoção de comunidades inteiras localizadas em regiões valorizadas. Nesse processo não há diálogo nem participação dos moradores”, afirmou o vereador Renato Cinco (Psol/RJ).

Um dos principais exemplos citados de resistência a esse processo de exclusão e afastamento dos mais pobres foi exatamente a Vila Autódromo. Como destacou o professor Carlos Vainer, da UFRJ, não é de agora que a comunidade está na mira das remoções. As justificativas já foram muitas: poluição e risco ambiental, garantir a segurança na época do Pan-Americano, construção de Centro de Mídia Independente e estacionamento, construção de anel viário que ligaria Transolímpica à Transcarioca, alargamento de avenidas etc. “O Plano Popular é mais democrático, mais barato e mais adequado social e ambientalmente. Dá para perceber que a Prefeitura não quer alternativas, quer pretextos para as remoções”, disse Vainer durante a audiência.