[Por Reginaldo Moraes – NPC/SP] Círculo vicioso: Os ricos compram a política. E a política aumenta a riqueza dos ricos. A estória é simples e instrutiva. Está num relatório recente da organização humanitária Oxfam, mas os dados são pura e simplesmente do sistema de contas federais e dos relatórios do Incra.  Se quiser ler, o documento da Oxfam é este: Terrenos da Desigualdade – Terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural, Oxfam Brasil, 2016. Disponível aqui. 

Há no Brasil umas 4 mil pessoas físicas ou jurídicas (empresas) que devem ao fisco quase 1 trilhão de reais. Para ter uma idéia da coisa, o PIB do país em 2016 foi algo próximo de 5 trilhões. O tal “rombo” no orçamento federal, que o governo do golpe anunciou com estardalhaço: 170 bilhões (ainda estão “acertando”).

Essa comparação permite avaliar uma coisa básica: se esses fazendeiros  devedores pagassem o que devem náo teríamos rombo algum. Muito pelo contrário. Mas eles não são forçados a pagar nem vão para presídios, como os pobres que devem a pensão alimentar.

Mas a coisa piora quando olhamos para cima nessa pirâmide: umas 700 dessas pessoas devem 200 bi.  Maior do que rombo do Meireles!

Esses 700 ricos devedores certamente estão entre os grandes financiadores de campanhas – elegem legisladores e executivos. São também os clientes fortes do sistema judiciário – do mundo seleto de advogados, juízes, procuradores e desembargadores. Assim florescem os grandes escritórios de advocacia, assim florescem os regalos e festejos com os quais se azeitam as sentenças e decisões judiciais. Assim se produzem as leis, os decretos e normas que distribuem subsídios, créditos baratos, isenções e outros benefícios.

Os nababos da terra, são como os nababos dos bancos e indústrias. Eles elegem aqueles que fazem as leis e tomam as decisões. E estes eleitos fazem leis e tomam decisões que aumentam ainda mais a riqueza daqueles 700, reduzem seus impostos, etc.  Com isso, eles têm mais dinheiro para comprar políticos e juristas. O círculo se fecha. É simples entender quem compra o poder. É uma questão de classe e eles sabem disso.