Em passagem recente pelo Brasil, o presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu entrevista aos jornalistas Valter Xéu, (Pátria Latina); Beto Almeida (Brasil de Fato, Telesul e TV Comunitária e ao sociólogo Emir Sader (TV Brasil).

Foram 40 minutos de uma conversação agradável onde o presidente equatoriano que esta no poder desde 2007, afirmou que pretende concorrer à reeleição em 2017.

Correa esteve no Brasil para participar da reunião da UNASUL, que reúne países da América do Sul, com os BRICS, integrado por China, Rússia, Brasil, África do Sul e Índia.

 O presidente equatoriano, que defende a existência de leis que limitem o po­der midiático, também acredita que, no momento, está em marcha na América Latina uma “restauração conservadora”, que tem como objetivo pôr fim ao ciclo de governos progressistas que emergiu no continente nos últimos anos.

Beto Almeida – Senhor presidente. Muito obrigado por nos ter recebido aqui. Trazemos aqui as saudações do Brasil com o reconhecimento do gigante papel que o Equador tem desempenhado, tanto na América Latina como no mundo. Viemos aqui com três periodistas: 1) Valter Xéu do Pátria Latina, que nasceu depois de uma reunião de Fidel Castro com vários periodistas e intelectuais da América Latina. Essa apresentação seguiu-se da exclamação do presidente dizendo então:- “naturalmente, o Valter do Pátria Latina”. 2) Eu, Beto Almeida, presidente da TV Comunitária de Brasília, a qual tem um convênio de colaboração com a Telesul e represento aqui também o periódico Brasil de Fato, ligado aos movimentos sociais como os dos sindicatos, e  dos sem terra. 3) Emir Sader da TV Brasil, a qual foi criada na época do Lula. Agora dou então a palavra a Emir Sader.

Emir Sader – Sr. Presidente Rafael, no seu primeiro mandato presidencial o senhor disse que não era uma época de câmbio, mas um câmbio de época. Já lá se apontava para as relações e diferenças entre um mundo unipolar, e um mundo multipolar. O Senhor diria que estamos saindo de um mundo unipolar e nos dirigindo a um multipolar? O senhor diria então que haveria específicas consequências para a América Latina como resultado das decisões tomadas nas diversas reuniões dessa semana, como as decisões dos BRICS? Estaremos aqui saindo da era unipolar, do após guerra fria, para um mundo multipolar?

Presidente Correa – Muchas gracias. Em primeiro lugar abraços ao Brasil com votos da melhor sorte para todos. Bem, sim. Eu creio que está se dando uma mudança de época e que um novo ciclo está se aproximando. Muitos progressistas chegaram ao poder na América Latina conjuntamente com o debacle das direitas nacionais, as quais ficaram então aturdidas pelo seu grande fracasso, o qual está ligado ao fracasso do neoliberalismo, e não conseguiram reagir convenientemente de maneira imediata. Temos aqui uma mudança de épocas. Essas são mudanças profundas. Não se trata somente de reformas superficiais. São mudanças históricas, com uma grande mudança das relações do poder. É uma mudança de um estado burguês a um popular. Essa mudança na América Latina foi se consolidando através dos governos de Hugo Chaves na Venezuela, Lula da Silva no Brasil, de Morales na Bolívia, de Bachelet no Chile, de Tavares Vasquez no Uruguai, e da revolução no Equador.

Entretanto, tem que se ter cuidado. Um novo ciclo conservador pode tentar reverter o que já se ganhou. É necessário muita atenção. Depois do debacle que os aturdiu estão agora começando uma nova coordenação, e isso nos níveis locais, regionais, e internacionais. Há que se ter muita atenção. Eu creio que a América Latina nunca voltará às condições do passado, mas se poderá perder muito do que já se conseguiu. Muito poderia ser revertido. Tem-se aqui a influência da cultura hegemônica transmitida pela mídia, inculcando nos pobres que o que é bom para os ricos, é também bom para os pobres. E daí segue a exploração.

Depois se tem a construção dos blocos, o que faz parte do processo de mudanças. Pode ser. Parece-me também que com a unipolaridade a América Latina saiu perdendo muito, uma vez que com a unipolaridade a América Latina perdeu em importância, visto em relação ao tempo em que ela era central no jogo contra o comunismo.

Mas sim, há uma mudança de era, onde o encontro entre os blocos é um fator muito importante. Unir-se em blocos é uma boa maneira de mudar a ordem injusta dos mais fortes, a ordem dos países hegemônicos, do capital financeiro, e do pior de tudo nesse contexto, do capital financeiro especulativo. Veja-se o caso da Argentina. Os Estados Unidos a poderiam ter quebrado. Há aqui também uma necessidade de se assegurar uma realidade multipolar, a qual permitiria maior participação, conquanto evitando, ao mesmo tempo, o eterno tipo de perigo que pairou sobre a Argentina, por exemplo. Isso exige a construção de blocos sólidos. Isso tem que ser feito através de blocos que possam apresentar trabalho efetivo. O Brasil é grande em si, e talvez pudesse enfrentar o problema sozinho, mas para os países que são pequenos, e muitos o são na América Latina, é necessária a cooperação em blocos, e o encontro entre esses blocos.

Essa é uma realidade que tem de ser consolidada.

Mas, por enquanto, estaríamos já no início de um novo ciclo? Teremos que esperar para saber a resposta exata.

Beto Almeida – Sr presidente, a união dos BRICS com a UNASUL é um passo muito importante para o setor econômico, também em escala internacional, e aqui se poderia reivindicar então uma integração internacional politica e/ou anti-imperialista.

Em sua opinião, como poderia ser feita uma coordenação da união econômica com a politica? O nosso saudoso Chávez já falava de uma espécie de Quinta Internacional. Outros falam de um campo anti-imperialista. Quais deveriam ser na sua opinião as convenientes iniciativas para sustentar uma coordenação econômica dos fundos, e do banco de desenvolvimento, que esta nascendo, com uma coordenação política e/ou anti-imperialista?

Presidente Correa – Temos de ser realistas.  Blocos alternativos são necessários e bons, mas aqui se tem que nem todos os países do bloco dos BRICS têm governos progressistas, e o mesmo se dá com a UNASUL. Temos que estar atentos, mas já é muito o que se consegue com a arquitetura financeira regional, que traz uma independência da tradicional hegemonia, o que se está fazendo agora com os BRICS, com os seus fundos de reserva, com o seu novo Banco de Desenvolvimento, e com o já estabelecido acordo entre o Brasil e China, para comércio e transações nas próprias moedas. A situação já mudou muito.

No que já foi feito não se trataria de uma união ideológica, mas de uma união prática, independente do ideológico. Entretanto, isso já em si é muito importante. Segue-se agora que o trabalho da união política ainda tem que ser tratado e aprofundado. O que já temos é um novo consenso em relação a novos interesses. Com os BRICKS tem-se uma nova arquitetura financeira, a qual poderia evitar, por exemplo, que todas as transações financeiras internacionais tivessem necessariamente que passar pelos Estados Unidos, aos quais então se continuariam dando os meios financeiros necessários para quebrar a quem quer que fosse. BRICS é bom. Traz consigo uma realidade menos injusta.

Valter Xéu – Senhor presidente. Durante o seu mandato os índices de saúde e educação cresceram muito e teve-se a erradicação da pobreza. Como se explicaria que Equador, um país com uma pequena economia tenha conseguido índices onde países com maiores recursos, não conseguiram?

Presidente Correa – Trata-se de um processo político. Tem-se que, no passado, nesse continente, a América Latina não se desenvolveu, mas que os Estados Unidos se desenvolveram. Temos um passado histórico, onde civilizações mais avançadas já aqui estavam desde o início, como por exemplo, os Maias, os Aztecas e os Incas. No total trata-se de uma constelação de fatores, mas um desses fatores é o de classes. Tivemos um passado social onde a classe das elites nos dominou desde o início.

Mas quanto a sua pergunta posso dizer que o processo no Equador foi político.

Tínhamos a dominância de um estado burguês que estamos mudando para um estado popular. Os recursos sempre estiveram aqui, por exemplo, os petroleiros, mas digamos que entre a elite e o povo tinha-se, na área petrolífera, uma relação de 4vs1, relação essa que agora está se levando a uma relação de 1vs4. No setor petroleiro nós fizemos renegociações e tivemos sucesso com isso. Ninguém pagava impostos. Os recursos sempre estiveram presentes, mas são agora usados para o bem comum. Então isso significaria que se trata de uma mudança nas relações de poder, que agora se usam em função do bem da população e do poder popular.

Mas aqui encontramos limites e restrições externas. Isso é perigoso. Temos ataques vindos de todos os lados. A Chevron poderia ter quebrado o Equador. Temos que encarar restrições impostas a nós, mas que os próprios ricos não seguem, usando-se de expedientes, pretextos, e escusas. Têm-se aqui a ver com desculpas como lavagem de dinheiro, terrorismo, e outras, mas os ricos não se incomodam com essas restrições, que impõem a nós, mas não a eles próprios. Vejam-se os paraísos fiscais. Os direitos de propriedade alcança até o conhecimento, que se privatiza a favor deles, mas os bens ambientais, por exemplo, eles os querem consumir de graça. É custoso conservar as selvas. Há pressões externas que exigem cooperação. Temos que criar, em etapas, uma integração. Temos que ser eficientes e criar mais recursos. O socialismo sempre falou dos aspectos sociais, mas quanto à eficiência não se falou muito. Temos agora que falar também do aspecto da eficiência, conjuntamente com os aspectos sociais.

Emir Sader – Frente à debilidade dos partidos políticos, de direita a mídia age quase como que um partido político em oposição. Isso se vê bem quanto aos meios de comunicação. Trata-se aqui de uma questão de democratização, na qual o Equador avançou muito. Qual seria o modelo a ser seguido?

Presidente Correa – Esse é o nosso principal adversário. É uma luta enorme. Os meios de comunicação na América Latina não pertencem aos pobres. Eles estão em mãos particulares, em mãos da elite financeira. No Equador 90% dos meios de comunicação estão em mãos particulares. Nós temos um periódico nacional dos cincos dos grandes periódicos nacionais. Periódicos locais e regionais são muito mais. Temos dois canais de televisão, dos seis ou sete canais nacionais. Nós resgatamos a radio nacional, mas existem mais do que mil outras. É pouco, mas já com isso o povo ganha alguma coisa. Os meios de comunicação deveriam ser públicos, mas estão em mãos particulares. A comunicação é um direito, e uma coisa fundamental na comunicação social. No sistema capitalista o direito dos povos quanto a uma comunicação livre e abrangente está em direta oposição à exigência de lucros.  Lucro e direito de comunicação vão em direções opostas. As elites, entretanto não procuram só os lucros, querem naturalmente o poder. Temos uma contradição. Temos aqui que a comunicação social, e, portanto de massas, está em mãos particulares.

Pode-se falar em restringir o poder politico, e de uma certa maneira as pessoas aceitam. Pode-se falar em restringir o poder econômico, e até isso se aceita. Mas quando se fala em pôr qualquer limite ao poder midiático lá isso já não se aceita de maneira alguma. A tentativa de exigir uma certa balança nas apresentações, uma certa objetividade, ou neutralidade, é imediata e fortemente atacada, como um gravíssimo ato contra a liberdade de expressão.

A imprensa latina é excepcionalmente ruim quanto à falta de ética, quanto à concentração da propriedade, quanto à falta de profissionalismo, assim também como quanto as suas manipulações políticas, e muito mais, também.

Beto Almeida – Para fazer frente a manipulações no campo monetário, financeiro, e social, temos, por exemplo, organizações como a CELAC. Entretanto, apresenta-se aqui no Brasil também a necessidade de uma realidade periodista de integração. O que temos é um periodismo de desintegração. Tem-se o caso do Campeonato Mundial. Foi o Mundial um fracasso? Não, não foi, mas ele foi apresentado como um fracasso total. Importantes reuniões e encontros são desacreditados. Tentam desacreditar, ou silenciam, todos esses momentos Tratou-se o muito importante encontro BRICS-UNASUL como se fosse nada. O periodismo tenta desintegrar, quebrar, ou silenciar, mas há que se ter a capacidade de integrar, de cooperar de construir, e de se acreditar na capacidade das pessoas de conseguirem dirigir essa integração social.

Presidente Correa – Exatamente. Essa tentativa de desintegração social é uma consequência da mídia como um negócio privado, com fins de lucros em mãos privadas. Isso é extremamente concentrado. É necessário que se tenha mais meios comunitários, sem fins de lucro. De uma maneira natural a exigência do que dá lucro vai em relação inversa ao direito de informação e ao direito de comunicação social. A comunicação deve ser usada como um meio da sociedade, como um meio público. Quando se fala em meios públicos não se está falando somente do governo central.

Agora a Constituição do Equador, em relação aos meios visuais e de comunicação ordena que a relação seja de 1/3 ao setor privado com fim de lucro, 1/3 ao setor público, e 1/3 ao setor comunitário sem interesse de lucro. É uma luta duríssima. Tudo está muito concentrado. Temos que diminuir o particular para poder aumentar o publico e o comunitário. O setor privado tem que ir ao 1/3 nessa relação. Essa é uma das respostas quanto a não desintegrar, mas integrar. Mas essa é só uma das respostas, tem que ser feito muito mais para que se chegue a uma solução quanto, por exemplo, as manipulações. Mas estejamos preparados para ouvir que estamos atentando contra a liberdade de expressão.

Beto Almeida – Têm-se universidades para a integração aqui no Brasil, como por exemplo, a UNILA, constituída no período Lula. Tem-se também a ELAM- Faculdade Latina Americana de Ciências Médicas em Cuba. Essa ideia integrante seria agora necessária também no setor da imprensa?

Presidente Correa – O maior desafio que se apresenta é vencer o poder midiático. Esse tem fortes mecanismos de defesa. Pensando em criticar? Atacam imediatamente com o “atentado à liberdade de expressão” temos que superar esse engano.

Emir Sader – Recentemente, vocês fundaram uma nova universidade, baseada na ideia do “conhecer bem”, do saber comum. Qual é a natureza deste projeto novo que estão desenvolvendo?

Na verdade, criamos quatro novas uni­versidades. A qual se refere? Acredito que você se refira à Ikiam [Universidade Regional Amazônica], na selva. Aprovei­tando essa vantagem enorme que é a sel­va amazônica, maior e melhor laborató­rio natural do mundo, e diferentemente do Brasil onde a floresta amazônica fica bastante distante das grandes cidades, aqui no Equador, em três horas e meia, a partir de Quito, pode-se estar em plena selva amazônica, onde a Ikiam está lo­calizada. Criamos essa nova universida­de, chamada Ikiam, que na língua shuar, uma das tantas línguas ancestrais que têm nosso país, significa “selva”, que fica no meio de uma reserva natural de cerca de 900 km², para ser uma universidade de nível mundial, basicamente, para no caso nacional atender a região amazôni­ca que, praticamente, carecia de univer­sidades ou eram universidades de péssi­ma qualidade… no meio da selva, orientada ao bioconhecimento. Então, posso lhes garantir que será uma universidade única e com vantagens irrepetíveis nessa classe de estudo: de biodiversidade, de bioconhecimento.

 Valter Xéu – Voltando a falar sobre o terrorismo midiático. No início do seu governo, houve um atrito com a empresa brasileira Norberto Odebrecht e a imprensa brasileira só faltou dizer ao Planalto que invadisse o Equador. A imprensa independente foi a que compreendeu as razões do Equador e o defendeu. Naquela época, isso criou um certo mal-estar dentro do governo e hoje como estão às relações bilaterais entre Equador e Brasil?

Presidente Correa – Até o momento, são extraordinárias, com Dilma e com Lula também. Mas nesse momento, lá atrás, nos tiraram até o embaixador, contudo, o tempo nos deu absolutamente toda a razão. A Odebre­cht reconheceu o seu erro. Era uma hi­droelétrica mal construída, que entrou em colapso. Reparou a hidroelétrica, as­sumindo os custos como tinha que ser. E agora está trabalhando normalmente no Equador e ganhando muitos contratos.

  

Beto Almeida – Sabemos que o senhor gosta bastante de falar sobre o papel das ONGs porque há ONGs e ONGs… Aqui tivemos uma experiência muito sinistra. Algumas ONGs estão promovendo manifestações que promovem a violência gratuitamente para destruir prédios públicos, instalações públicas, metrôs… Na Venezuela, sabemos o que aconteceu… as guarimbas [protestos e bloqueios], com muitas ONGs financiadas por fundações externas de países ricos que estão atuando. Mas esse é um novo processo que alguns chamam de “a cara social do neoliberalismo”… porque estamos também enfrentando isso aqui no Brasil no momento...

Presidente Correa – Temos aqui um problema imenso. Trata-se de uma táctica de desestabilização dirigida, efetuada por meios muito violentos, aos quais dão nomes atraentes, os quais evocam de maneira automática, reações positivas. Já no Chile de Pinochet levantavam-se as palavras de honra, democracia e liberdade, mas agora isso está sendo usado de uma maneira consistente, como uma estratégia onde a violência, abaixo de nomes agradáveis, apresenta-se de maneira muito brutal e mesmo extrema.  Toda a atenção aqui é necessária. Trata-se de organizações sociais, mas… Cuidado! Trata-se de uma nova estratégia de infiltração e sabotagem. Essas organizações não são não governamentais, ou antigovernamentais, são organizações de governos estrangeiros trabalhando para derrubar os governos de outros países que não lhes agradem. Entre as organizações sociais que trabalham honestamente, existe um muitíssimo alto número de outras, que trabalham abaixo desse manto para destruir outros governos e avançar os interesses das grandes potências, as quais não assinam a nada, não se comprometem e não se restringem, exigindo tudo para si mesmos.  Atentos – a desestabilização – defendem os interesses da extrema direita norte-americana.

Composições extremas prejudicam, quer sejam de direita ou de esquerda. Nesse contexto precisa-se então tocar também no assunto das ONGs de esquerda, que exigem que não se toque nos recursos naturais. O que seria da Venezuela sem o petróleo? O que seria da Bolívia sem o gás? O que seria do Equador? Não tocar em nenhum dos nossos recursos seria um suicídio. De acordo com certos segmentos de extrema esquerda nós não poderíamos tocar em nada, mas ao mesmo tempo, a extrema direita, tanto nacional como internacional, estaria desfrutando aqui, como sempre, de todos os frutos. Tem-se nesse contexto que muitas composições extremas de esquerda não entendem ou querem entender o que é governar. Para que possamos nos defender temos que usar alguns dos nossos recursos. Às vezes as organizações de esquerda nos prejudicam mais do que as de direita.

Beto Almeida – Senhor presidente. Muchas gracias em nome da TV Comunitária, de Pátria Latina e da TV Brasil.

Presidente Correa. Gracias a todos e um grande abraço ao Brasil.

Tradução Anna Malm para Pátria Latina