Terminou sem acordo a negociação sobre o futuro do controle da internet. Depois de duas semanas de intensos debates na ONU entre os 191 países que formam a entidade, o governo dos Estados Unidos não cedeu: a gestão da rede mundial de computadores, hoje nas mãos americanas, não é negociável.

O Brasil e outros países emergentes insistem na democratização e internacionalização da administração da internet, o que envolveria a criação de um fórum para gerir a rede. O fato mais relevante, porém, foi a decisão da União Européia (UE) de se aliar aos países emergentes e também pedir o fim do controle americano sobre a internet.

Com o fracasso das negociações, uma nova fase de debates ocorrerá em novembro, às vésperas da Cúpula da Sociedade da Informação, que ocorre na Tunísia para tentar fechar um acordo mundial sobre a questão da internet. Por enquanto, 40 chefes de Estado confirmaram participação. O Itamaraty sugeriu ao Palácio do Planalto a ida do presidente Lula ao encontro, mas o gabinete ainda não se manifestou.

No que todos os países emergentes concordam é que pelo atual sistema, quem comanda a Web e seus endereços são os americanos, por meio da Icann, sediada na Califórnia, e que registra todos os sites. A empresa ainda possui um contrato com o Departamento de Comércio dos EUA, que foi quem primeiro desenvolveu o sistema, ao lado do Pentágono.

Os americanos alegam que a internet já é descentralizada e que existem 9 mil provedores da rede espalhados pelo mundo, e que há 13 servidores-raízes. Para o Brasil, o que a Casa Branca não diz é que desses 13, 10 estão nos EUA. Os demais estão na Inglaterra, Suécia e Japão. Além disso, o servidor que está em Maryland armazena as informações dos demais.

OESP, em 4.10.05