O Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF) fez uma bela homenagem a Vito Giannotti em seu jornal Energia Alerta. Vito, junto com Claudia Santiago, foi o idealizador do veículo. Confira, abaixo, o texto completo:

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VITO GIANNOTTI: Viveu na intensidade de um furacão e partiu repentinamente, como um sopro.

O revolucionário da comunicação popular

Um dos idealizadores do jornal Energia Alerta, Vito Giannotti, nos deixou. Mas a sua obstinada luta contra as desigualdades sociais e pela democratização da mídia no Brasil continua viva nos corações de milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

Oscar Niemeyer dizia “a vida é um sopro”. Mas no caso do escritor, jornalista, professor, militante da comunicação popular e metalúrgico, Vito Giannotti, a vida era como um furacão.

Sua força arrasadora contagiava os milhares de alunos que o ouviam em palestras, cursos e seminários que ele deu Brasil afora. E os trabalhadores e trabalhadoras do setor elétrico em Brasília tiveram o privilégio de ouvir e aprender um pouco com os seus ensinamentos.

Como todo homem sábio, Vito tinha a humildade evidente no seu caráter. No lançamento do seu livro, História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil, após fazer várias perguntas sobre a obra, a jornalista Lígia Coelho indagou “gostaria que você falasse um pouco sobre o autor. Quem é Vito Giannotti?”. Humildemente respondeu, “não é ninguém especial. Vito Giannotti é apenas um apaixonado pelas lutas dos trabalhadores no mundo e no Brasil”. Pura modéstia. Vito era um gênio na arte de entusiasmar e envolver pessoas em torno dos projetos que se envolvia.
Comunicador por natureza, Vito sabia da importância de uma linguagem objetiva, clara, respeitosa e elegante para a transformação social.

Segundo o jornalista Renato Rovai, Vito “sempre soube que a disputa na área de comunicação é central para conseguir avançar em outras áreas”. Isso explica tantos anos de dedicação a essa causa.

Autor de mais de 20 livros, era comum ver Vito chamar atenção de trabalhadores, sindicalistas e militantes para que criassem uma comunicação própria e dessa forma pudessem disputar a hegemonia com a mídia empresarial.
Nascido na Itália, Vito era brasileiro de coração. Chegou ao Brasil jovem, com 21 anos, em 1964. Lutou contra a ditadura militar e viveu intensamente a redemocratização do País. Deixou a Faculdade de Filosofia para se tornar metalúrgico. Pisou em chão de fábricas no Espírito Santo e em São Paulo.

Na concepção de Vito, os intelectuais que adotam as idéias socialistas como modo de vida precisam experimentar a verdadeira vida de um operário. “Então saí da Itália, percorri vários países trabalhando como pescador num navio industrial. Vim para o Brasil para passar poucos meses, mas me apaixonei no primeiro dia e resolvi ficar, apesar de o Brasil estar em plena ditadura militar. Depois de trabalhar no Espírito Santo fui para São Paulo e trabalhei como metalúrgico durante 25 anos”.

Foi nesse período que Vito acabou se apaixonando pela comunicação sindical e popular. Nunca mais largou.
De acordo com Rovai, Vito foi a pessoa que mais falou e ensinou comunicação para militantes e profissionais de movimentos populares no Brasil. “Alguém ainda vai ter de contar essa história de obstinação. Porque poucos dedicaram tanto da vida a um ideal, a uma luta”, destaca.

Vito nos deixou. O Homem que viveu como um furação se foi repentinamente, como um sopro.
Infelizmente, não teve tempo de se despedir da família nem dos amigos. Partiu em uma noite de inverno. Foi dormir e não acordou.

O sonho que sonhou na noite de 25 de julho, Dia do Escritor, foi só dele. Mas o sonho que sonhou ao longo de 72 anos de vida, esse sim será compartilhado por todos aqueles que como ele acreditam num mundo melhor e mais justo.

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