Entre os dias 5 e 8 de novembro, foi realizado, no Centro do Rio, o 20º Curso Anual do NPC. O encontro reuniu jornalistas e dirigentes sindicais do país inteiro, somando mais de 200 participantes no total. O tema geral refletiu e reafirmou a ideia central e a prática que têm pautado o trabalho do NPC há 20 anos: a convicção de que a COMUNICAÇÃO DOS TRABALHADORES É FUNDAMENTAL PARA A DISPUTA DE HEGEMONIA. Essa concepção foi a base das mesas realizadas nesses quatro dias, que debateram temas como “Comunicação e cultura das classes populares”, “Cumplicidade da imprensa e das empresas com a ditadura”, “impasses na democratização da comunicação no Brasil”, “rádio e TV dos trabalhadores”, e vários outros. Uma das principais mesas foi a que apresentou um balanço de 20 anos da Comunicação Sindical. Além dos debates, na tarde de sábado foram realizadas oficinas práticas de fotografia, linguagem, blogoosfero, transmissão ao vivo e aplicações das mídias digitais na comunicação sindical. Durante o curso também foram lançados dois livros: “Comunicação dos trabalhadores e hegemonia”, de Vito Giannotti (Fund. Perseu Abramo), e “Marxismo e filosofia contemporânea”, de Roberto Ponciano (Ed. NPC). Neste boletim você confere as coberturas das mesas, dicas, entrevistas e vídeos do evento. Boa leitura!
10 de dezembro de 2014
De Olho Na Vida
[Por Camila Araújo] Na quarta-feira (05/11), o primeiro dia do 20º curso de comunicação popular do NPC debateu o tema “Comunicação, cultura e disputa de hegemonia” na sociedade brasileira. Na abertura, Vito Giannotti, coordenador do NPC, iniciou a rodada de palestras com uma reflexão sobre as motivações do curso. Em 20 anos de existência do Núcleo Piratininga, ele analisa a comunicação como um grande instrumento que garante a hegemonia política, cultural e econômica à elite e ressalta a importância de se disputar por uma mídia voltada para a realidade e os interesses dos trabalhadores. A mesa “Comunicação e cultura das classes populares”, que deu início ao curso, contou com os seguintes convidados: Ademar Bogo, escritor e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Adelaide Gonçalves, professora de história da Universidade Federal do Ceará (UFCE); Anápuáka Muniz Tupinambá Hã-Hã-Hãe, fundador da Rede Cultura Digital Indígena; Adenilde Petrina, comunicadora popular e militante do Movimento Negro. Saiba como foi.
[Por Ívina Costa] “Comunicação, Trabalhadores e Hegemonia” – O tema que norteou o 20º Curso Anual do NPC foi objeto de reflexão na segunda mesa de debates, na quarta-feira (05.11). Participaram da discussão: Miro Borges, jornalista do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé; Milton Temer, jornalista e ex-deputado federal; Milton Pinheiro, professor da Universidade do Estado da Bahia; e Breno Altman, jornalista do site Opera Mundi e revista Samuel. Leia o texto completo.
Proposta de Pauta
[Por Tatiana Lima] É urgente a necessidade de analisar a formação e o conteúdo social das ideias às quais a classe trabalhadora tem acesso diariamente em diferentes produtos de mídia, seja a partir da leitura de jornais, por novelas e filmes de Hollywood, ou até o olhar atribuído à educação brasileira nas escolas. Essa foi a reflexão central do debate realizado em 6 de novembro, na segunda mesa do 20º Curso Anual do NPC, cujo tema foi “A Construção Social das Ideias”, que contou com a presença do jornalista José Arbex, do professor da UniRio Rodrigo Castelo e do economista e professor da PUC-SP Ladislau Dowbor.
De Olho Na Mídia
[Por Tatiana Lima] O jornalista José Arbex Jr. participou da mesa “A construção social das ideias”, realizada no dia 6 de novembro, segundo dia do 20º Curso do NPC. O escritor fez uma análise da cobertura jornalística dos maiores veículos de imprensa do Brasil, especialmente o das Organizações O Globo. “A forma cotidiana de combater essa avalanche de conteúdos de formação hegemônica é a constante reflexão e análise, pois estamos acostumados a construir a ideia pela colonização do nosso cérebro”, avaliou.
Memória
[Por Ívina Costa] A “cumplicidade da imprensa e dos empresários com a ditadura” foi um dos temas debatidos na quinta-feira (06.11), na 20ª edição do Curso Anual do NPC. A mesa foi composta por três doutores em História Social: Pedro Campos e Beatriz Kushnir e Aloysio Castelo de Carvalho. Pedro Campos abriu o debate, destacando o apoio de empresários, sobretudo do ramo da construção civil, a ditadura. A apresentação foi baseada na tese de doutorado defendida por ele em 2012, na UFF: “A ditadura dos empreiteiros: as empresas nacionais de construção pesada, suas formas associativas e o Estado ditatorial brasileiro, de 1964-1985″. Segundo revelou a pesquisa feita pelo historiador, ao longo do regime, houve uma grande intervenção do Estado no setor de construção civil e também em sindicatos de trabalhares. Enquanto os empresários eram beneficiados e ampliavam suas formas de organização, os trabalhadores eram duramente explorados e reprimidos.
Radiografia da Comunicação Sindical
[Por Camila Araújo] Os 20 anos da comunicação sindical foi tema de intensa discussão durante a tarde de quinta-feira (06/11), no segundo dia do Curso Anual do NPC. A coordenadora do Núcleo, Claudia Santiago, foi mediadora da mesa e levantou a necessidade de se pensar no dia a dia da comunicação sindical, a imprescindível preparação dos profissionais sindicais e a obrigação da esquerda em construir uma imprensa a serviço dos trabalhadores. Os convidados para o debate foram a jornalista do Sindicato dos Químicos Unificados, Ciça Gomes, a assessora de comunicação da Conlutas, Claudia Costa, o jornalista do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Jair Rosa, o professor da UEL Rozinaldo Miani e o professor da UFPE Luís Momesso.
Democratização da Comunicação
[Por Tatiana Lima] Na sexta-feira, dia 7 de novembro, com a mesa “Impasses na Democratização da Comunicação no Brasil”, o 20º Curso Anual do NPC abordou a regulação da mídia. A mesa foi composta pelo cientista político Venício Lima (UNB), o professor Marcos Dantas (UFRJ) e a jornalista Bia Barbosa, do coletivo Intervozes. O professor e cientista político Venício Lima destacou que atualmente acredita que é necessário para a democratização das comunicações o cumprimento de quatro pontos mínimos: regulação da Constituição de 1988 existente há 25 anos; funcionamento dos Conselhos Estaduais de Comunicação que já existem; distribuição de verbas públicas de publicidade para veículos que dão voz àqueles que normalmente não têm espaço nos meios tradicionais; e o apoio à mídia pública.
[Por Camila Araújo] Quando os trabalhadores vão ter uma mídia própria para divulgar suas ideias para o povo brasileiro? Essa parece ser uma questão praticamente impossível de acontecer no contexto atual, caracterizado pelo monopólio dos meios de comunicação. No penúltimo dia do curso anual, 7 de novembro, o tema “Rádio e TV dos trabalhadores: uma utopia a ser realizada” trouxe à tona as discussões sobre como buscar alternativas para conquistar esses espaços. Quem debateu o assunto foi Arthur William, jornalista multimídia do NPC, Laurindo Leal (Lalo), professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), Arley Medeiros, dirigente do sindicato dos Químicos Unificados e Valter Sanches, presidente da Rede Televisão dos Trabalhadores (TVT).
A Comunicação que queremos
[Por Ívina Costa] A última mesa de debates do 20º Curso Anual do NPC, realizada no sábado (08.11), teve o objetivo de apontar os desafios imediatos e históricos da comunicação dos trabalhadores. Participaram desse debate os jornalistas Beto Almeida, do canal de televisão Telesur; Leonardo Wexell Severo, do jornal Hora do Povo; Renato Rovai, da revista Fórum; e Vito Gianotti, escritor e coordenador do NPC.
[Por Camila Araújo e Ívina Costa] Lançado em 06 de novembro, em Indaiatuba-SP, o filme “O Lucro Acima da Vida” foi exibido para os participantes do 20º Curso Anual do NPC. A obra, dirigida pelo jornalista e cineasta Nic Nilson, resgata a história de trabalhadores contaminados por metais pesados numa fábrica de agrotóxicos das empresas Shell/Basf, na cidade de Paulínia, São Paulo. A gravação do longa-metragem teve início em 2013, depois que 1.058 trabalhadores e dependentes ganharam na justiça a ação movida contra as multinacionais. Diretor do Sindicato dos Químicos e produtor executivo do filme, Arlei Medeiros conta um pouco da história. “Esse filme é o acúmulo de dois documentários, um de 2002 e outro de 2005, ambos feitos para divulgar a luta. A ideia era criar um instrumento de formação de opinião para convencer os ministros e a população. Só que a ação avançou e a sentença saiu antes do filme. Aí, a gente deu liberdade pro diretor, o sindicato não opinou no roteiro”.
NPC Informa
[Por Tatiana Lima] O 20º Curso Anual do NPC encerrou as atividades na tarde de sábado, dia 9 de novembro, com a realização das oficinas: “Transmissão ao Vivo”; “Mídias Digitais”; “Blogoosfero”; “Fotografia”; e “Linguagem”. Ao todo, 170 pessoas participaram das cinco oficinas, realizadas na tarde de sábado nos auditórios do Centro Cultural da Caixa Econômica, Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e Federação Intersindical de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).
Entrevistas
[Por Tatiana Lima] Milton Pinheiro, organizador do livro “Ditadura: o que resta da transição” foi um dos palestrantes da mesa “Comunicação, Trabalhadores e Hegemonia”, realizada nesta quarta, 5/11, primeiro dia do 20º Curso Anual do NPC. Ele acredita que a atual conjuntura política é reflexo de um estado de ditadura que ainda segue em transição. Esse é um dos fundamentos do livro organizado pelo cientista político que possui ensaios inéditos de pensadores como João Quartim de Moraes, Anita Prestes, Lincoln Secco, Décio Saes, Marco Aurélio Santana, entre outros. A coletânea enfrenta o desafio de reinterpretar uma história em que vários aspectos estão ainda por decifrar, desde o contexto por trás do golpe de 1964 até a campanha pelas Diretas Já. Confira a entrevista com o autor e palestrante do 20º Curso Anual do NPC.
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[Por Camila Araújo] O Brasil precisa enfrentar o oligopólio da mídia. Mais que isso, precisa remodelar a sociedade. O jornalista José Arbex Jr. diz que só será possível democratizar o sistema de comunicação no Brasil, quando houver uma democratização da sociedade brasileira. Leia a entrevista completa!
[Por Camila Araújo] O jornalista Beto Almeida é um dos diretores da TeleSur – uma emissora de TV de iniciativa do governo venezuelano em parceria com Cuba, Argentina e Bolívia que visa a dar uma alternativa comunicacional para a América Latina em resposta à hegemonia das grandes corporações. Nesta entrevista, o jornalista fala sobre a comunicação dos trabalhadores no Brasil de hoje, bem como os desafios para sua realização. Beto defende a criação de um jornal diário, de esquerda, formado por uma cooperativa de jornalistas e mostra como o projeto é possível de acontecer ao citar experiências de outros países latino-americanos.
[Por Tatiana Lima] O professor da Universidade Federal Fluminense, Aloysio de Carvalho, foi palestrante da mesa “Cumplicidade da imprensa e dos empresários com a ditadura”, realizada na quinta-feira (6/11), durante o 20º Curso Anual de Comunicação do NPC. Nessa entrevista ele fala sobre o padrão de atuação da imprensa liberal e mostra como a mídia se articula politicamente e assume o papel de ator político no contexto social do país, mediando e formando um consenso na sociedade, como foi observado nas últimas eleições. Autor do livro “A Rede da Democracia”, um estudo sobre a influência dos jornais O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil na queda do governo Goulart (1961-1964), Aloysio explica como essa articulação de meios de comunicação opera como um padrão discursivo na sociedade brasileira. Confira.
[Por Tatiana Lima] Um dos filhos mais jovens de uma família de agricultores com 13 filhos, Ademar Bogo é militante do MST há mais de 30 anos. Passou de camponês para militante da luta pela terra e contra os latifúndios do Brasil quando foi estudar num seminário após a morte do pai, que era da Teologia da Libertação, ligado à Pastoral da Terra e acompanhava os conflitos de terra no país. Começou a militância em 1979, motivado por movimentos populares na Nicarágua e pela ebulição da luta contra a ditadura no Brasil. Porém, sua análise atual do MST é crítica e reflete a preocupação de quem anseia por um avanço do movimento e não quer retrocesso. Nesta entrevista ele ressalta o valor da cultura e da educação na formação militante do MST, mas não se furta de fazer críticas ao movimento que, segundo ele, ao ceder ao governo perde a força e o eixo para o qual foi criado: a luta contra o latifúndio, pela distribuição de terras e a revolução popular do Brasil. Confira.
[Por Sheila Jacob] Uma informação pouco divulgada da vida do pensador alemão Karl Marx é a sua atuação como jornalista. Foi exatamente essa face do filósofo que o professor Rodrigo Castelo, da Escola de Serviço Social da Unirio, destacou em sua comunicação apresentada no 20º Curso Anual do NPC. Ele participou da mesa “A construção social das ideias” e esteve ao lado dos também professores Ladislau Dowbor e José Arbex Jr., dos cursos de economia e de jornalismo da PUC-SP respectivamente. Castelo lembrou, em sua intervenção, que Marx escreveu para jornais como a Gazeta Renana, a Nova Gazeta Renana e o New York Daily Tribune. Em entrevista ao NPC, o professor, que também é dirigente sindical da Adunirio, ressaltou que, apesar de ser um trabalho assalariado, o jornalismo de Karl Marx foi militante, a serviço da classe trabalhadora. E defendeu que jornalistas também se enxerguem como produtores de conhecimento, e não apenas difusores.
Dicas
Durante o 20º Curso Anual do NPC, o escritor Vito Giannotti, coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), lançou mais um livro sobre a importância da comunicação dos trabalhadores para a transformação da sociedade. A obra apresenta reflexões sobre diversos conceitos, como o de hegemonia, pensado por Marx, Lenin e Gramsci. Também nega veementemente o mito da neutralidade dos meios de comunicação e explica por que considera a mídia o verdadeiro partido da burguesia. Além de apresentar uma sólida base teórica, oferece dicas práticas aos sindicatos e movimentos populares que desejam construir e aprimorar seus veículos de informação. Aborda, portanto, os meios impressos, rádios, TVs e internet, pensando em como aperfeiçoar desde a pauta até a linguagem e a diagramação, para que esses veículos sejam atrativos e compreendidos pela maioria da classe trabalhadora. O livro custa R$ 25,00. Está à venda na Livraria Antonio Gramsci (Rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Cinelândia) e também pela internet. Para comprar, basta clicar aqui.
O objetivo deste livro, publicado pela Editora NPC, é provar a existência de uma ética humanista do devir a partir de Marx. Esta ética trabalha o devir como um conceito marxista/hegeliano, o “vir a ser”, numa perspectiva que não é simplesmente uma filosofia utilitarista que justifica o poder, mas uma ontologia integral humanista e finita. Trata-se de uma filosofia que dá conta da problemática existencial humana e de uma cosmogonia que abarque uma teleologia humanista do devir. Visa não a uma simples repartição de bens entre as pessoas, mas a uma nova concepção integral de organização sócio-metabólica humana. A linha mestra que vai nos conduzir em todos os capítulos é a teoria da alienação e do fetiche, fundamentos básicos da teoria marxista. Custa R$ 40,00. Está à venda na Livraria Antonio Gramsci e também pode ser comprado pela internet.
Em nosso canal, no youtube, estão sendo postadas entrevistas com os palestrantes do 20º Curso Anual do NPC e também registros das mesas de discussão. Para conferir esses e outros vídeos produzidos pelo NPC, basta acessar aqui.
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Equipe Coordenação: Vito Giannotti Edição: Claudia Santiago (MTB 14.915) Redação: Claudia Santiago Colaboraram nesta edição: Camila Araujo (RJ), Eric Fenelon (RJ), Ìvina Costa (RJ), Marina Schneider (RJ), Sheila Jacob (RJ), Tatiana Lima (RJ).
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