Boletim do NPC

Um ano da ocupação Vito Giannotti

A Ocupação Vito Giannotti completou um ano de existência e resistência. A comemoração foi no domingo, dia 22, com a presença de militantes de movimentos populares e moradores de diversas ocupações e do NPC. Saiba mais.

23 de janeiro de 2017

Notícias do NPC

Fórum Social das Resistências debate papel da comunicação e da cultura para a defesa da democracia

Kátia Marko representou o NPC no Fórum Social das Resistências que aconteceu na semana passada, em Porto Alegre. Na manhã do dia 19/01, participou da Plenária da Comunicação e Cultura das Resistências, com a presença dos cineastas Silvio Tendler e Joelzito Araújo.

Notícias do NPC

Curso de Comunicação Popular do NPC chega a Feira de Santana

Na próxima segunda-feira, a coordenadora do NPC, Claudia Giannotti, está em Feira de Santana, na Bahia, para incentivar a criação de instrumentos de comunicação popular por grupos de jovens militantes. A oficina reunirá jovens na Bahia e Pernambuco.

Artigos

Como a mídia brasileira sustentou a escravidão

[Por José Tadeu Arantes, na Agência Fapesp] Em 7 de novembro de 1831, no primeiro ano do período regencial, a Assembleia Geral decretou e a Regência sancionou uma lei proibindo o tráfico de escravos africanos para o Brasil. A lei, bastante explícita em seu texto, declarava livres todos os escravos vindos de fora do Império e impunha penas bastante duras àqueles que os haviam importado. A interpretação corrente na historiografia é a de que essa lei, precedida por um tratado com a Inglaterra que impunha prazo final para o tráfico, foi feita “para inglês ver”, isto é, para acalmar a pressão externa e deixar internamente tudo na mesma. Tal ponto de vista foi contestado pelo livro Imprensa e escravidão: política e tráfico negreiro no Império do Brasil (Rio de Janeiro, 1822-1850), de Alain El Youssef, publicado com o apoio da Fapesp. Leia o artigo completo.

Entrevistas

Jornalismo vagabundo e criminoso, entrevista com Luis Felipe Miguel

[Rosângela Ribeiro Gil | NPC - SP] Não nos faltarão exemplos para corroborar a definição do professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Luis Felipe Miguel, de que a imprensa brasileira, comercial e partidária, faz hoje um “jornalismo vagabundo”. Eu diria mais: essa imprensa está com as mãos sujas de sangue. A “ficha corrida” dessa mídia é enorme, nem todos os presídios existentes no País dariam conta para tantos crimes. Mas citaremos um caso, bem recente inclusive, que mostra a que estão dispostos quem hoje está em frente a câmeras de televisão ou escrevendo seus textos ou artigos em jornais e revistas. Todos sabemos que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, relator da Lava Jato, foi morto em acidente aéreo no dia 19 de janeiro último. Na manhã do dia seguinte, em telejornal da Globonews, ouviríamos da boca da jornalista Thais Herédia a seguinte “informação” (?): “Claro que a morte do Teori Zavascki também está na mesa dos investidores, eu conversei com vários analistas e gestores de fundos de investimentos, tenho falado com eles desde ontem, e é uma análise bastante fria, porque é uma análise que leva em conta o risco, o custo e o preço dos ativos financeiros que estão sendo negociados agora. A análise é fria porque ela leva em consideração que a morte do ministro Teori Zavascki atrasa toda a avalanche que seria causada pela homologação das delações, a famosa delação do fim do mundo e isso daria mais tempo ao governo do presidente Michel Temer, e à equipe econômica, que carrega uma grande credibilidade a continuar tocando coisas da economia, e abre também espaço para que a reforma da Previdência avance mais.” Com a palavra Luis Felipe Miguel, que também nos agraciou com a sua presença no 22º Curso Anual do NPC, realizado em novembro de 2016, no Rio de Janeiro. Leia a entrevista completa.

Radiografia da Comunicação Sindical

TV dos Bancários do DF visita o Rio

O jornalista Rodrigo Couto, do programa TV Bancários, esteve no Rio na semana passada para conversar com mulheres mais que interessantes. Beth Carvalho e Márcia Tiburi estão entre as entrevistadas.

A Comunicação que queremos

Novo filme de Michael Moore ‘invade’ outros países para criticar EUA

[Por Luiz Zanin Oricchio, OESP- 19.01.2017] Na semana de posse de Donald Trump, com seu voluntarismo bélico, nacionalista e raivoso, talvez não haja programa melhor que o documentário O Invasor Americano, de Michael Moore, que nem sequer chegou ao circuito, mas se encontra disponível na Netflix. Moore é cineasta tido como panfletário, que se coloca nos filmes e fustiga sem dó as mazelas de seu país, do sistema de saúde ao intervencionismo em outras nações. Significa, para o cinema, o mesmo que Noam Chomsky é para a intelectualidade americana – não apenas uma reserva moral, mas resto de lucidez, consciência crítica, fios de energia no estado letárgico que parece fazer o mundo retroceder séculos de História em poucos anos. O imaginativo Moore bola um jeito engraçado para dar o pontapé inicial em seu filme. Recorre à ficção e faz os militares confessar que nenhuma de suas intervenções deu certo. Do Vietnã ao Iraque, ou saíram com o rabo entre as pernas ou tiveram desmascarados os pretextos para o ataque. Assim, os milicos terceirizam a Moore a função de invadir outros países e pilhar o que de melhor possam ter e trazer o butim para os EUA. Começa assim o périplo de Michael Moore, que visita e ouve gente em países como Itália, França, Portugal, Alemanha, Islândia e Tunísia entre outros. Nessa visita, descobre como a nação mais poderosa da Terra foi se distanciando dos ideais humanistas que inspiraram seus pais fundadores. Há um mundo a descobrir e, ao contrário do que pensa a “elite” brasileira, os Estados Unidos talvez não sejam o modelo melhor para nos servir de guia para o futuro. É um americano quem diz.

De Olho Na Mídia

TV Record demite apresentador que chamou Ludmilla de “macaca”

[Por Carta Capital] A TV Record decidiu demitir o apresentador Marcão do Povo, que comandava o programa Balanço Geral DF, da TV Record Brasília. Na edição do último dia 9, ele se referiu à cantora Ludmilla como “macaca”. "É uma coisa que não dá para entender. Era pobre e macaca. Pobre, mas pobre mesmo”, disse o apresentador, também conhecido como Marcão Chumbo Grosso, enquanto comentava uma notícia sobre Ludmilla ter evitado fotos com fãs. Mais cedo, porém, a Record defendeu o apresentador por meio da conta Balanço Geral DF no Twitter – que foi deletada por volta das 12h30 desta quarta-feira. “Temos a plena certeza de que o apresentador @MarcaoTV apenas utilizou uma expressão regional para se manifestar, sem o intuito de ofender a cantora Ludmilla ou qualquer outra pessoa.” O caso ganhou repercussão na terça-feira, 17 de janeiro. Por meio de sua página no Facebook, Ludmilla afirmou que "trata-se um desrespeito absurdo e vergonhoso”. “Infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime e alguns ainda usam o espaço na mídia para noticiar mentiras a meu respeito, ofender, menosprezar e propagar todo o seu ódio. Não deixaremos impune tais atos, trata se de um desrespeito absurdo, vergonhoso”, escreveu. “Isso tem que ser combatido e farei a minha parte, quantas vezes for necessário”, continuou Ludmilla. À imprensa, a assessoria da cantora informou que "tomará todas as medidas legais cabíveis”.

De Olho Na Mídia

Escondendo Haddad

[Rosângela Ribeiro Gil | NPC-SP] De repente William Bonner, antes de seu tradicional boa noite no Jornal Nacional, pede aos telespectadores atenção para uma última e interessante notícia que será exibida. Estamos, é bom que se diga, no dia 10 de janeiro de 2017. O repórter começa a sua matéria: “Pode até parecer que quando a noite avança não há mais vida na cidade mais maiúscula do País. Mas há. E vida bem inteligente. Silenciosa, focada. Companheira de 60 mil opções de distração ou de estudo. Mas, poder passar os olhos por um livro, sei lá, de história da arte coisa de 3h45 só foi possível quando os mais antigos funcionários da segunda maior biblioteca pública do país pararam de trabalhar.” Reportagem bem construída para mostrar a automatização de sistema na biblioteca municipal de São Paulo Mário de Andrade que permite o seu funcionamento 24 horas. É a primeira com automação e empréstimo full time no mundo. Nossa, em tão pouco tempo o prefeito João Doria, aquele que gosta de segurar a vassoura para fotografia, fez tamanha revolução cultural na cidade? (Caros e caras, isso será sempre impossível, acreditem). Talvez um desavisado possa achar que a resposta é ainda afirmativa. Não, não é. É apenas mais uma mostra da descarada manipulação da Rede Globo. O sistema foi implantado em 4 de julho de 2016, portanto na gestão Fernando Haddad. Mas a notícia só chegou ao Jornal Nacional seis meses depois. E a matéria não explica, em nenhum momento, que tamanha inovação e respeito às pessoas foi implantada pela administração do ex-prefeito.

De Olho Na Vida

Sociólogo resgata série de textos sobre sobre a situação nas prisões

O sociólogo Sérgio Domingues é um astuto observador das penas e alegrias do cotidiano. Para ele “as terríveis e frequentes rebeliões nas penitenciárias brasileiras têm como uma de suas principais causas o encarceramento em massa. Principalmente, de pretos e pobres.” Desde 2012, Domingues aborda o assunto na sua página “Pílulas Diárias”. O primeiro texto fala sobre o nascimento da organização criminosa que nasceu como reação ao massacre do Carandiru. Agora, Sérgio organizou todos os textos produzidos sobre o assunto para facilitar a vida de seus leitores. Acompanhe aqui!

Radiografia da Comunicação Sindical

Decisão do Copom não muda nada

[Rosângela Ribeiro Gil | NPC-SP] A comunicação do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) quis entender um pouco mais a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em 11 de janeiro, de reduzir a taxa Selic para 13%. Para tanto, conversou com o professor doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Corrêa de Lacerda. De cara ele disse: “Não há qualquer razão para comemorarmos essa decisão.” Advertindo ainda: ”Tem gente eufórica com a queda de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic). Isso não muda nada.” Ele explicou: “Considerando a projeção do Boletim Focus (média do "mercado"), a inflação (IPCA) para o ano 2017 é de 4,84%. Considerando ainda que a inflação fechou em 6,3%, em 2016, a média esperada de 2017 é de 5,5%. Portanto, o juro real projetado (Selic - IPCA) está agora em quase 7,5% ao ano. De longe, a mais alta do mundo e muito acima da rentabilidade média das atividades produtivas. Ou seja, continuamos muito fora da curva.” Segundo o professor, a taxa de juros ideal é aquela compatível à média internacional, ou seja, próximo de 1% ao ano. “Estamos acima de 7%”, lamentou. Lacerda salienta, ainda, que a taxa de juros também “precisa estimular a produção e investimentos produtivos e infraestrutura, ou seja, precisa ser compatível com a rentabilidade média dessas atividades”. Ele foi taxativo: “Hoje ganha mais quem especula no mercado financeiro do que quem produz. Isso não dá certo.”

NPC Informa

UERJ resiste!

Aconteceu na quinta, dia 19, uma mobilização em defesa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A universidade está parada e abandonada pelo Governo do Estado.

De olho no mundo

O novo navio negreiro: mortes no mar Mediterrâneo bate novo recorde

[Por Gustavo Barreto] Somente nos 15 primeiros dias de 2017, já morreram mais de 200 migrantes e refugiados que tentavam chegar à Europa pelo mar Mediterrâneo. Trata-se de um recorde em relação ao ano passado, quando 91 morreram no mesmo período. Essas mortes são uma consequência direta do terrorismo de Estado promovido pela União Europeia: a área que separa a Turquia da Grécia, por exemplo, tem menos de 15 quilômetros no seu ponto mais próximo. Caso as pessoas que fogem das guerras ou da fome fossem habilitadas a trafegar por uma rota segura, o número de mortes chegaria a zero. E com o frio, a falta de apoio dos governos europeus mais ricos fará ainda mais vítimas.​

Dicas

Livro ‘A Resistência’, de Julián Fuks

O romance “Resistência” foi o vencedor do prêmio Jabuti de 2016. O autor, Julián Fuks, fez um discurso bastante engajado na cerimônia em que foi receber o prêmio: “Pode ser que se esteja premiando, isso é pra mim um motivo de muita alegria, o simples ato da resistência diante de tudo isso que a gente vê e diante de tudo isso que nos atinge: da ruptura com a ordem democrática que se deu no Brasil e que a gente precisa combater”, disse. E finalizou com um “Fora Temer”. O livro vencedor parte da relação entre o narrador e o irmão adotado em 1976 em Buenos Aires para tratar de um tema muito mais amplo: a ditadura argentina, a perseguição a quem se manifestava contra o regime, e os sentidos, hoje, da resistência. A todo momento, reflete-se sobre os impactos daquele tempo nas próprias relações familiares. Seus pais, argentinos, tiveram que sair do país natal e começar uma outra vida no exílio no Brasil, para onde trouxeram o filho adotivo e tiveram dois filhos biológicos. Trata-se, afinal de contas, de um livro “sobre essa criança, meu irmão, sobre dores e vivências de infância, mas também sobre perseguição e resistência, sobre terror, tortura e desaparecimento”, nos conta o narrador. Memória pessoal, social, histórica e política: é isso que o leitor encontra nesse livro de maneira bastante sensível e cativante.

Dicas

Dicas de leitura

[Por Leonardo Nascimento] Reli nos primeiros dias do ano "Quarto de despejo", diário de Carolina Maria de Jesus. Dessa vez, passei o fim de semana trabalhando num texto sobre "Diário do hospício", escrito por Lima Barreto quando esteve internado no Hospital Nacional dos Alienados, entre 1919 e 20. Acho uma pena passarmos pela escola sem contato com nenhuma dessas duas obras: leituras fundamentais e de fácil compreensão. Como nunca é tarde, tá aí a dica pra quem ainda não leu.

Pérolas

Pastoral Carcerária

“Se colocassem cães e gatos nos presídios, tratados como as pessoas o são, teríamos milhões nas ruas” [Pastoral Carcerária: 10.01.2017]

Pérolas

Por Luis Felipe Miguel

“A cruzada de Doria contra os grafiteiros nem é nova; é um item sempre presente no repertório das políticas urbanas higienistas. No fim das contas, fica preservado o espaço público exclusivamente para o discurso publicitário. Seus out-doors, painéis luminosos, cartazes e letreiros de lojas representam uma agressão à cidade muito maior do que qualquer grafite. Mas são sagrados. [Luis Felipe Miguel: 18.01.2017]

Pérolas

Por Luís Fernando Veríssimo

“Há por trás do tratamento dado aqui ao negro, ao pardo e ao pobre, cuja amostra mais evidente é esse sistema carcerário ultrajante, um mal disfarçado intuito de purificação. Empilhar criminosos, independentemente do caráter do crime, em cadeias infectas e esperar que eles se entredevorem é um método prático de depuração. Os campos de extermínio nazista — abstraindo-se a questão moral — eram exemplos de praticidade.” [Luís Fernando Veríssimo: 19.01.2017]

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Edição 325

Para jornalistas, dirigentes, militantes e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais

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Equipe
Coordenação: Claudia Giannotti
Edição: Claudia Giannotti (MTB 14.915)
Redação: Claudia Giannotti, Sheila Jacob e Luisa Santiago

Colaboraram nesta edição: Eric Fenelon (RJ), Katia Marko (RS), Marina Schneider (RJ), Mario Camargo (SP), Najla Passos (MG), Sergio Domingues (RJ), Reginaldo Moraes (SP), Rosangela Ribeiro Gil (SP).

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