Por Rosilene Ricardo

Experiências de comunicação dos trabalhadores encerra os debates

Experiências de comunicação dos trabalhadores encerra os debates

“Experiências de comunicação dos trabalhadores no Brasil hoje”. Esse foi o tema que fechou o último dia de debates do 19º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação. A mesa teve o objetivo de apresentar as iniciativas adotadas por sindicatos e entidades para melhorar a comunicação na luta dos trabalhadores.

 

A mesa foi coordenada por Claudia Costa, jornalista da Conlutas. Ela apresentou um panorama das lutas enfrentadas desde a década de 70, quando houve um movimentos de jornalistas para estreitar o diálogo com os trabalhadores. Nos dias atuais, a internet entra em jogo com seus blogs, sites e redes sociais, ferramentas para que essa comunicação se torne mais eficaz. Ela lançou as seguintes questões: Será possível conseguir uma boa comunicação com tudo isso? Como vamos trabalhar com essas novas mídias? E o conjunto de ferramentas que temos, será que usamos bem? Será que conseguimos adequar a linguagem de acordo com a nossa categoria? A linguagem que usamos nas redes sociais é a mesma do impresso? Como utilizar , efetivamente, as novas mídias? Em que condições está o nosso trabalho da imprensa?
Experiência do ANDES-SN

sindical2Após essas questões, Claudia Costa passou a palavra para a jornalista Renata Maffezoli, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Ela expôs como o Plano Geral de Comunicação, que foi instaurado em 2012, contribui para levar a comunicação, da forma mais clara possível, e que atenda a todos. Isso porque os meios de comunicação da instituição são lidos não apenas pelas pessoas do sindicato, mas também por trabalhadores que nem sempre são da categoria. “Teve uma época em que os jornalistas também eram militantes. Hoje ele tem que estar aliado a pauta, mas ele não, necessariamente, precisa ser um militante. Essa é uma visão muito clara no Andes. Não é papel do jornalista fazer política e sim levar a notícia, já que a política tem que pautar o jornalista e não o jornalista pautar a política”, sinaliza Renata Maffezoli.

Além disso, ela nos conta que com os veículos é possível fazer um contraponto sobre a visão política do sindicato. E expõe as dificuldades enfrentadas como a relação com a imprensa tradicional e as assessorias de imprensa. “A gente quer que eles pautem a nossa luta, mas sabemos que eles muitas vezes eles vão mudar a nossa pauta. Isso é um grande conflito. Durante muito tempo nós não tivemos contato com eles. Hoje temos tratado sobre temas mais abrangentes para que a gente consiga mais flexibilidade”, conclui.

 

Sindicato dos professores de Natal (RN) também investe em comunicação

 

sindical3Após essas experiências, foi a vez do José Rebouças da Costa, do Sintest-RN, contar como o trabalho da comunicação funciona na instituição que tem um programa de TV, um site e publicações como revistas, cartazes, panfletos, clipping impresso e digital. O Sindicato também participou da divulgação de campanhas como Outubro rosa e Novembro azul, que têm como finalidade alertar sobre o câncer de mama e o de próstata. “Temos a comunicação direta com os servidores através do newsletter, verificação diária de e-mails e respostas às mensagens das redes sociais. O site tem atualização diária e tem um espaço aberto onde todos os companheiros têm o direito de mandar a opinião, galeria de fotos, seção sindical, documentos, materiais – cartazes em destaque no site, cartazes nacionais e todas as campanhas dos sindicatos. Ainda temos um programa de TV com um formato de debates”, expôs José Rebouças.

 

TV dos Trabalhadores (TVT)

sindical4Valter Sanches, presidente da TV dos Trabalhadores (TVT),  afirmou que a instituição tem de querer aproveitar o tempo possível do trabalhador de interagir com os meios de comunicação. “Estamos vivendo em uma época de mudanças tecnológicas. A melhor comunicação é aquela em que está onde a pessoa precisa e que vá buscá-la. Os celulares, tablets têm o poder da produção e transmissão de conteúdo. É importante entender que essa mudança de plataforma  pode ser favorável”, explica Valter Sanches.

A TVT tem um canal de TV, canal 46 em Mogi das Cruzes – SP, com 1:30 de programação e reprodução de conteúdos que parceiros enviam. Duas rádios, uma em São Vicente, 93.3 FM e outra para a grande SP, 98.FM. “ O próprio modo de assistir TV hoje em dia está mudando. Muitas pessoas assistem o youtube, por isso nossa TV está em todas as plataformas com aplicativos para android e um canal no youtube”, conta Valter Sanches. Ele explicou ainda que a rede conta com um jornal – A Tribuna Siderúrgica – , que com mais de 40 anos, é um dos jornais sindicais mais antigos que existem.
Rede Brasil Atual

sindical5Quem encerrou o debate foi o dirigente sindical e jornalista, Paulo Salvador, da Rede Brasil Atual. Ele ressaltou que o movimento sindical precisa de comunicação, seja na comunicação pessoal até grandes programas de rádio e revista. São milhões de jornais e sabemos que quanto mais se comunicar, melhor. Em 2006, um conjunto de dirigentes sindicais constituíram a Rede Brasil com a ideia de ser um canal que ultrapassasse as fronteiras e que dialogasse diretamente com os cidadãos. “ Nunca tivemos apoio dos grandes jornais. O mundo do trabalho é visto de forma preconceituosa”. As matérias feitas pelo grupo são elaboradas de forma democrática com ponto e o contraponto. Assim, todas as vozes são ouvidas. Além disso, a Rede Brasil Atual laçou tabloides em 16 cidade. “Como funcionamos como uma agência de comunicação, nas cidades criamos um coletivo que criam notícias locais. Nas cidades grandes temos uma dificuldade maior de inserção, mas temos a Rede Brasil Atual”,observa.

Ele destaca ainda que a Rede conta com um programam de rádio de duas horas, semanais. E ainda conta as três lutas da comunicação sindical: a primeira é o combate à velha mídia – “todo dia temos que mostrar o que a grande mídia tem feito na vida das pessoas; a segunda é a regulamentação,ou seja, “mostrar que tudo o que está na constituição não foi regulamentado”. E finaliza: “o último é que somos nós que tomamos a decisão de correr atrás das coisas para fazer uma mídia com a nossa cara, com a cara dos brasileiros e tudo o que sonhamos”.