Por Vito Giannotti, em abril de 2001
Em 1886, cento e quinze anos atrás, em Chicago, Estados Unidos, uma greve pelas 8 horas de trabalho, recheada de muita luta, repressão, mortes e injustiças, entrou para a história. É ela a origem do 1º de Maio.
Alguns anos antes, em 1871, os trabalhadores e o povo de Paris, tomaram o poder e resistiram por dois meses às metralhadoras e aos canhões da burguesia francesa. Era a Comuna de Paris.
Duas lutas, dois continentes, a mesma classe lutando para libertar-se.
Nestas duas batalhas começaram a aparecer bandeiras vermelhas. E, nas barricadas da Comuna de Paris estava um lutador que comporá, um mês depois da derrota, a Internacional.
Hoje, respectivamente 130 e 115 anos depois daqueles acontecimentos, as bandeiras vermelhas e A Internacional continuam presentes nas manifestações dos trabalhadores.
De dois, ou três anos para cá, o 1º de Maio voltou a ser comemorado com nova força, em vários paises, como o tradicional Dia dos Trabalhadores. Punhos levantados, bandeiras vermelhas e a Internacional voltaram às manifestações de ruas e praças de muitas cidades européias, americanas e asiáticas. Muita gente, em muitos paises do mundo está começando a abrir os olhos para a destruição provocada pelo projeto neoliberal.
No Brasil, a CUT, neste ano de 2001, como sempre fez, chamou os trabalhadores para um 1º de Maio de luta. Ou seja, a continuar a tradição dos trabalhadores do mundo inteiro. Um 1º de Maio comemorado sem governo e sem patrões. Um dia de reafirmação das nossas reivindicações. De defesa do que já conquistamos. Dia de reforçar a união dos trabalhadores enquanto classe explorada que luta para acabar com toda forma de exploração e opressão. Dia de gritar bem alto que o socialismo é a única alternativa à barbárie própria do capitalismo. Esse é o sentido histórico do 1º de Maio.
Burguesia quer fazer esquecer o 1º de Maio
No nosso País, desde o ano de 1998, contrastando e competindo com as manifestações da CUT, vimos assistindo a um espetáculo triste e grotesco. As Centrais Sindicais ligadas ao governo e aos patrões, lideradas pela Força Sindical e pela SDS, inventam qualquer coisa para nos fazer esquecer a origem e as razões desta comemoração.
Patrões, Rede Globo, Força Sindical e a outra Central sua irmã gêmea, a SDS, tratam de inventar bingos, sorteios, shows e até cortar cabelos e ensinar a escovar os dentes. Tudo para dizer ao trabalhador que o 1º de Maio é uma festa para os miseráveis esquecerem dos outros 364 dias do ano.
Esquecer a realidade de exploração e opressão do ano todo e, sobretudo, abandonar qualquer idéia de luta para mudar a sua vida. Uma festa para fazer esquecer qualquer lembrança de uma nova sociedade: uma sociedade socialista.
Para alcançar seus objetivos, estas Centrais, a serviço dos patrões, juntam milhões de pessoas atraídas pelos prêmios que foram generosamente oferecidos pelas empresas. O sentido desses shows da Força Sindical e seus pares salta aos olhos de qualquer leitor de jornal.
Sabemos que a Folha de São Paulo não morre de amores pelo 1º de Maio que a CUT fez em São Paulo. Menos ainda este jornal gostou do Monumento aos mártires do MST, inaugurado, com milhares de trabalhadores no 1º de Maio em Curitiba. Mesmo assim ela deixa claro que os sorteios daquelas Centrais são uma piada.
Sua manchete, do dia 2 de maio não deixa dúvidas: “Força atrai 1,5 milhão atrás de apartamento, carros, pagodeiros e de cantores sertanejos”.
Mas, embora com todo o esforço da burguesia para criar outra referência, milhares de trabalhadores no nosso País foram às ruas continuar uma luta que vem de longe e que irá muito longe.