[Por Vito Giannotti] Está na moda falar dos 40 anos de 1968. Foi um ano de vendaval contra todas as instituições autoritárias. A palavra revolução enchia o coração e as mentes de milhões de jovens pelo mundo afora. Falava-se de várias revoluções: na educação, na família, na escola, nas religiões. Mas as duas principais revoluções, que iam lado a lado uma da outra eram a revolução social e a revolução sexual. A mulher estava lutando para conquistar seu lugar no mundo. Queria deixar de ser considerada um simples “objeto de cama e mesa” como dizia o título de um livro de Heloneida Studart. Outro livro da mesma autora se intitulava “Mulher brinquedo do Homem”. E isso a mulher não queria ser mais. Queria ser tratada como gente, com direitos iguais aos seus irmãos machos.
Pois isto era coisa daquele distante 1968.
Hoje, jornais, revistas, programas à la Big Brother e músicas estão cheios de mulheres à moda antiga: pedaços de carne, bundas à vontade e pouco uso do cérebro.
No Rio, um dos tantos jornais vendidos a 50 centavos, o Meia Hora, no último dia 24, em meio a notícias de roubos, assaltos, estupros, esquartejamentos e violências policiais de todo tipo trazia, também, uma notícia que faria enfurecer as mulheres das passeatas e barricadas de 1968: “Mulher Moranguinho vai ficar peladinha”. Esta a notícia de capa. Na última página, outra notícia para reforçar a idéia que mulher não passa de uma fruta a ser comida pelo famintos homens: “A Mulher Melão será um dos destaques da Parada Gay”.
Dias antes era a vez da “Mulher Melancia” que mereceu um número especial da revista dos machos frustrados, Playboy. Assim anda a revolução sexual de 1968.