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[Por Gizele Martins] Mais de 200 pessoas estiveram presentes na 28ª entrega da Medalha Chico Mendes de Resistência, realizada no auditório da OAB, no Rio de Janeiro. A cerimônia, que começou por volta das 19h, contou com movimentos sociais, familiares de vítimas da ditadura militar, familiares de vítimas da atual repressão do Estado em favelas cariocas, organizações de direitos humanos e militantes de diversas partes do país. O Grupo Tortura Nunca Mais, grande realizador desta premiação, conseguiu mais uma vez emocionar todo o público: músicas, cânticos que lembram a resistência durante a ditadura e gritos de ordem, foram entoadas por todo o público durante as duas horas de homenagens.

Uma das guerreiras e referência hoje no movimento de favelas do Rio, Izildete Santos, mãe de Fábio, que está desaparecido desde 2003, foi uma das primeiras a receber a medalha. Segundo ela, seu filho e um amigo foram abordados por quatro policiais que estavam numa viatura Blazer, ao voltarem de uma festa junina realizada em um bar, no bairro São Roque. Ela relata ainda que os policiais acusados afirmam que apenas “deram uma dura nos meninos” e os liberaram. Fato é que os corpos dos dois jovens jamais apareceram, tampouco voltaram os jovens vivos para contar o que se passou.

Na entrega, Izildete junto a outras mães que também perderam os filhos por causa da violência policial durante as últimas décadas e que compõem a Rede de Comunidades contra a Violência e Mães de Maio, se emocionou e falou que esta é uma luta incansável “até hoje estou na luta à procura do meu filho. Eu não vou desistir nunca. Agradeço a todos por estarem ao meu lado durante todos estes anos.”, disse a mãe de Fabio.

Um grupo de estudantes de São Paulo que organizou a greve contra a reforma das escolas que iriam ocorrer em todo o estado, também recebeu a medalha pela vitória que tiveram ao final de toda a mobilização. Além deles, estudantes do C.E Prefeito Mendes de Morais, do Rio de Janeiro, também foram homenageados.

Mais 10 outros militantes da época da ditadura receberam medalhas e também foram homenageados pelo Grupo Tortura Nunca Mais nesta noite. Estas e outras ações feitas por organizações de direitos humanos do Rio e de todo o país, são feitas para lembrar a luta e a trajetória destes que o Estado tenta apagar. A medalha é justamente para que estas lutas não sejam esquecidas e que elas virem memória, pois memória também é um ato de resistência!