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[Por Beto Almeida] Existe possibilidade prática de criar já uma rede de emissoras de tv e rádio do campo público  –  educativas, comunitária e universitárias   –   para, com o uso de satélite,  montar um programa diário de notícias, uma Voz do Brasil Democrática, informando sobre as lutas do povo, abrindo espaço para todos os segmentos sem voz na grande mídia, e que venha a tornar-se o único instrumento comunicativo de grande alcance  para o esforço de recuperação do pleno estado de direito e paralisação do desmonte dos direitos trabalhistas e previdenciários.

A proposta foi apresentada pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB, à Coordenação da Frente Brasil Popular e, também,  à direção da TV dos Trabalhadores, que pode integrar esta ação comunicadora democrática.

Para isto não é necessário esperar pela aprovação de qualquer lei neste parlamento golpista. Estes governadores foram eleitos com o compromisso de lutar pela democracia. Basta que as tvs e rádios educativas em mãos dos governos estaduais que lutam pela democracia coordenem-se e lancem este programa jornalístico e cultural, de uma hora diária,  para ser veiculado, por satélites que já estão contratados por essas emissoras, num mesmo horário a todo país.

Lembre-se de que o Brasil possui pelo menos 20 milhões de antenas parabólicas. O programa pode ser produzido e gerado a partir de uma emissora mais estruturada, como a TV Minas ou a TV Educativa da Bahia. À este esforço unitário podem somar-se as tvs e rádios comunitárias e universitárias que tenham como linha editorial a reconquista plena da democracia e o combate à desnacionalização e ao desmonte do Brasil.

Esta proposta de criação de uma Rede com pelo menos seis TVs educativas que já estão no satélite, baseia-se na visão de que é preciso, prioritariamente, utilizar os instrumentos que encontram-se à disposição do campo democrático, nem sempre utilizados, ao invés de uma espera de que seja aprovada alguma lei neste parlamento democratizando a mídia.

Esta proposta deve ser considerada no contexto de recentes declarações de lideranças petistas analisando as próprias insuficiências do PT em matéria de comunicação. Primeiro, foi Lula quem disse, há pouco, que é preciso, sim,  regulamentar a mídia, o que no entanto só foi  reconhecido após 14 anos de governo. Depois foi Dilma Rousseff que reconheceu que o PT foi, no governo, ingênuo em matéria de comunicação, fortalecendo grupos inimigos. Por fim, o ex-prefeito Fernando Haddad, reconheceu que sua derrota deveu-se a que os paulistanos não estavam informados de suas realizações. “Faltou comunicação”, resumiu o prefeito que, no entanto, recusou sugestão para fazer uso da lei 12485, que lhe dava a prerrogativa de montar a TV Municipal de São Paulo. Realmente em matéria de comunicação, o PT deixou escapar preciosas oportunidades, com o que, acumula significativas derrotas.

 Beto Almeida é  jornalista