Por Vito Giannotti

SIM, é uma grande ilusão pensar que a mulher, hoje, está bem na sociedade. Entra e sai nos bares. Está na faculdade. Pega o ônibus à vontade. Está livre e em paz. Vai aonde ela quer. Isto nos dá a ilusão de que a luta da mulher acabou, já está vencida. As mulheres agora podem ser até “piloto de avião”. Isso é ridículo. É um sonho de crianças. A luta da mulher para ser tratada com iguais direitos ao homem na sociedade ainda vai longe. Vai longe no Brasil, na América Latina e muito mais em muitos países do mundo. São necessários séculos de muita luta de mulheres e homens para vencer esta batalha. Há centenas de dados do IBGE, de muitas Secretarias de governos e de muitas organizações especializadas mostrando milhares e milhares de casos de violência, até de mortes, de mulheres no Brasil. Somos um dos países campeões dessa violência. Não precisa fazer a lista de todas as situações em que a mulher é deixada para trás e é tratada como uma “bonequinha” ou um “objeto de cama e mesa do homem”. Na maioria dos casos a mulher continua sendo vista como um “brinquedo do homem” como a chamava a feminista Heloneida Studart, nos anos 1970.

Além de ilusões, continua uma série de besteiras praticadas cada dia contra a personalidade e a dignidade da mulher. O que é um concurso de MISS UNIVERSO se não reafirmar para o mundo que mulher é só aquilo e o resto não existe? E todo dia na TV, o que significam aquelas “Chacretes”, quase todas peladas, enquanto o Faustão e outros apresentadores estão todos vestidos nos estúdios gelados? Nestes dias de março, ainda há muita gente que dá um buquê ou vasinho de flores no dia 8 de Março, o DIA DA MULHER. O dia 8 de Março é todo dia, em casa, no trabalho, na rua. Há mil situações em que podemos e devemos combater o machismo que reina tranquilo em inúmeras situações. A desvalorização da mulher a gente vê todo dia nas novelas, que continuam envenenando o telespectador. Vemos isso em todas as igrejas e templos onde a mulher é eternamente rebaixada. E vive-se tranquilamente no trabalho, em qualquer trabalho, onde é comum o assédio sexual, além do assédio moral. E como se não bastasse, pagam-se salários mais baixos que os dos homens às moçoilas que no dia 8 de Março ganham um vasinho de violetas.

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