[Por Vito Giannotti] No dia de Natal, O Globo presenteou seus leitores com mais um ataque ao MST, seu inimigo de classe declarado. O título da matéria é o mesmo de sempre, só muda o local. É quase um carimbo, já pronto: “MST invade fazenda histórica em Valença”. O sub-título da matéria cria o clima de repulsa aos vândalos, incultos e ignorantes daquele movimento: “Propriedade construída em 1830, produz café e feijão e tem atividades pecuárias”. Vejam só que horror! Uma fazenda histórica, que é ponto turístico integrado ao projeto Preservale, invadido por umas famílias miseráveis que nem casa têm! “É uma brutalidade invadir uma propriedade privada, produtiva e com os impostos em dia”, disse o presidente da Preservale.
Brutalidade é esconder a verdade, no dia de Natal! Brutalidade é contar só uma parte dos fatos como fez O Globo. Mas é assim que funciona a sociedade. O Globo tem suas escolhas. Defende seus interesses de classe. Faz a disputa da cabeça de milhões de ouvintes, telespectadores e leitores. E nessa luta esconde, encobre a verdade. Qual a verdade que o jornalão escondeu? Muito simples.
Em 2005, o INCRA fez vistoria nesta fazenda e a classificou como improdutiva. Com esse laudo, o Instituto enviou o processo de desapropriação para a Casa Civil. O pedido foi aprovado por aquela Casa e pela Presidência da República. Hoje, está em fase final de desapropriação. Só falta o INCRA depositar o dinheiro da indenização ao dono e entregar o título de posse final às 75 famílias acampadas na fazenda desde o dia 8 de dezembro último. Porque o MST, então, ocupou esta terra? Para acelerar o ritmo do INCRA. Para não deixar a execução da ordem de desapropriação para o dia de são nunca!
E O GLOBO? Está na dele. Joga uma lona sobre o fato que desde 2005 a fazenda foi definida como improdutiva e ponto final. É assim que age a mídia empresarial; Com absoluta e total… parcialidade.