[Por Vito Giannotti] A revista IstoÉ, irmã gêmea da Veja, mostrou, mais uma vez, que vale tudo para derrubar os inimigos, até a pura e simples falsificação de uma foto. Ela fez isso por posição de classe permanente contra as lutas populares e para livrar a cara do seu amigo político e candidato eterno, José Serra. De uma tacada só, tira Serra da jogada e deixa aparecer um PARE sobre a pixação MST e MAB.  

A foto original foi feita, em 24/3, por um fotógrafo da Folha de S.Paulo documentando um protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp, empresa estatal da eletricidade de SP. Quem é o dono da Isto é? Qual sua classe? Que interesse ele defende? A resposta a estas três perguntas valem por um inteiro período de um curso de comunicação em qualquer universidade.  

                                                                                                                          

Vamos ler trechos do semanário Brasil de Fato sobre esta falsificação da Istoé, de 10/4, em artigo de Marcelo Rodrigues e Renato Toledo:

istoé

 

A revista IstoÉ desta semana (…) para proteger o PSDB e o governador de São Paulo, José Serra, contrariando todas as regras do jornalismo, apagou a inscrição “Fora Serra” de uma foto feita durante um protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp. (…)O fato escancara o poder de influência camuflada que os meios de comunicação de massa tem para atuar como o que vem sendo chamado de “Partido da Mídia”. (…) A legenda diz “A exemplo do que ocorreu em São Paulo, em protesto contra a privatização da Cesp, os sem-terra prometem parar estradas em todo o país nos próximos dias”.                                                                                               

A reportagem assinada por Octávio Costa e Sérgio Pardellas criminaliza os movimentos sociais sustentando que os sem-terra ameaçam empresas e investimentos que geram empregos e qualidade de vida, sem mencionar que a Aracruz Celulose, a Monsanto, a Cargill, a Bunge e a Vale – citadas pela matéria como exemplos de empresas prejudicadas – respondem a acusações de destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos de povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, e exploração de trabalhadores. (…)  

Nada é por acaso – A editora Três, que publica a revista IstoÉ, é controlada pelo acionista

majoritário do banco Opportunity, Daniel Dantas. O banqueiro tem ligações com fundos de pensões, além de uma participação ativa no processo de privatizações de estatais sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.  Em 2007, Dantas superou a concorrência da Rede Record e comprou 51% das ações da editora Três, que estava à beira da falência. (…)

                        

                                 (trechos extraídos do Brasil de Fato de 10/4/08)

O que diz a Folha de S. Paulo sobre o fato

A revista “IstoÉ“, publicação da Editora Três, adulterou uma fotografia adquirida da Folha de São Paulo. A imagem foi publicada pela revista na edição do final de semana, ao lado da reportagem “O MST contra o desenvolvimento”. Na versão original, aparecia pichado numa placa de trânsito da rodovia Arlindo Bétio, a expressão “Fora Serra” em referência ao governador José Serra (PSDB-SP). O protesto havia sido feito por integrantes do MST que participavam de um ato contra a privatização da Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo). O editor-executivo da agência IstoÉ, César Itiberê, entrou em contato ontem com a Folhapress, agência de notícias do Grupo Folha. No email enviado, César confirmou a adulteração, pediu desculpas e afirmou que a manipulação se tratou apenas de uma questão estética.

Fonte: Reportagem Local – Folha de S.Paulo