Os dois livros, respectivamente, de José Arbex e de Carlos Dornelles, se propõe ao mesmo objetivo. Mostrar o que é a imprensa. Mostrar o outro lado da moeda. Denunciar toda vez que a mídia se mostra conivente com o poder. Mostrar quais são os interesses de classe que estão em jogo, numa notícia, aparentemente neutra. Mostrar a manipulação dos fatos, pela mídia, para obter financiamentos de empresas, ou do governo. Desmascarar toda vez que a mídia corre atrás de polpudas encomendas de propaganda, disposta a se transformar em órgão oficial do poder, seja ele qual for.

 

Mas não é necessário chamar Arbex, ou Dornelles para interpretar esta manipulação diária feita nos jornais da grande imprensa. Cada um pode ver… é só abrir bem os olhos.

 

A Folha de São Paulo do dia 1º de janeiro de 2004 nos dá um exemplo desta manipulação e submissão da mídia ao projeto do império do capital. Ao império americano e seus aliados, no caso, Israel. Vejamos. Na página 7 do primeiro caderno há uma manchete sobre o Oriente Médio: “Israel quer aumentar colonização de Golan”. Não vamos nem analisar o que está por trás deste título. Ele quer esconder que as Colinas de Golan eram da Síria até 1967, quando foram invadidas por Israel, na Guerra dos seis dias. Mas isto já são águas passadas.

O pior da manipulação está na legenda da foto que ilustra o artigo. A Folha reproduziu a foto da agência internacional Reuters, que mostra as placas da construção do “Muro da Vergonha”, que Israel está construindo para se isolar dos palestinos. Palestinos que moravam lá naquela terra e foram expulsos pelos aviões e tanques de Israel, que implantou no lugar assentamentos de população israelense. Este é o fato. Mas a legenda da foto da Reuters traz uma mensagem completamente distorcida. “Perto de Jerusalém, palestino anda em meio a partes de concreto da barreira que Israel ergue para impedir a ação dos terroristas”. É só analisar o que a legenda quer nos dizer. Primeiro… todo árabe é terrorista. Segundo: a tal barreira, o “Muro da vergonha”, é feito para se defender dos… terroristas. Se defender, simplesmente. Não é para garantir a invasão, a ocupação perpetrada pelas forças israelenses. É isso que a Folha nos deu no primeiro dia do ano de 2004.

Arbex e Dornelles explicam! 

(Vito Giannotti)