Domingo dia 11 de maio. Dia das mães. Dia das lojas venderem panelas de pressão, ferro elétricos, liquidificadores e outros apetrechos para manter a opressão feminina disfarçada. O Globo, no Caderno do “Jornal da Família” faz um artigo sobre as mães. Evidentemente. E desta vez humilhou! As mães meninas. Coitadinhas. O título é bombástico: “+ 50 % de mães meninas”.
“Pesquisas comprovam que a maternidade na adolescência já é um fenômeno no Brasil”.
O artigo traz vários dados, números, cifras. Até ai tudo bem. Fotos de barrigas e crianças-mães abraçando bonecas de carne e osso. Mas interessante é quando o Globo analisa as causas desta epidemia de maternidades-mirins. Cita psicólogos, e especialistas e outros istos. Fala que a gravidez precoce é causada “por: carência afetiva, desejo de formar uma família e ser mulher e dificuldades no relacionamento familiar”, e outras generalidades mais.
Só não fala de uma coisa:da responsabilidade da televisão nestes 50% de casos a mais de gravidez de crianças. Não fala dos programas onde a globo ensinou a fazer as famosas “produções independentes”. Não fala da super-erotização dos programas das suas Xuxas, Elianes, e dos seus Gugus, Faustões e companhia. Se não me engano, o Frei Beto, anos atrás escreveu um artigo cujo titulo dizia tudo: “Os filhos da Xuxa”.
Uns cinco anos atrás, a filha da minha mulher, na época com 12 anos, começou a andar pra cá e pra lá com uma boneca no colo. E fazia mamadeira para a boneca dela. E fez um bercinho com minha cadeira de computador, para niná-lo à noite eu desconfiei e fui ver porque aquilo estava acontecendo de uma hora para outra. Fui perguntando e descobri a causa deste ataque súbito de maternidade na pequena. Não era nenhuma “carência afetiva ou desejo de formar uma família e ser mulher”.
Era só isso: a Globo – Uma novela qualquer, cujo titulo era Malhação, estava ensinando menininhas a engravidar. E a aula era dada o titulo de recuperação em cada programa da Xuxa e coisas parecida.
Mas a Globo não lembrou de nada disso no seu jornal do dia das mães.
(Por Vito Giannotti)