[Vito Giannotti] Vale a pena um estudo para ver quantas vezes, desde janeiro, o jornal da direita carioca ataca o governo venezuelano na figura do seu líder. No dia 3 de agosto o ataque é duplo: uma enorme chamada de página inteira com um título de novela: “Ligações perigosas” e outra longa matéria sobre rádios fechadas por Chavez. A primeira tem o subtítulo: “Computadores apreendidos das Farc mostram envolvimento recente com Chavez”. É óbvio que o jornal está em campanha para defender a política dos EUA com relação à presença norte–americana na Colômbia, com suas bases militares e tudo o que sabemos. É uma escolha de o O Globo apoiar o governo Uribe como, em 1964, aqui no nosso país, escolheu apoiou o golpe militar.
Mas, seria um direto dos seus leitores saber que estes computadores ficaram nas mãos do Exército da Colômbia e de seus assessores especializadíssimos em fazer um computador dizer o que eles querem, durante vários dias até dar a revelação bombástica das ligações das Farc com o alvo principal de O Globo, na Venezuela. Mas nada disso é dito para seus queridos leitores. A campanha vai bem, obrigado.
E outra campanha do jornal carioca é contra a democratização das comunicações naquele país. O governo Chavez deu muitos passos para avançar no sentido de combater o poderio dos monopólios da mídia que escraviza o telespectador e ouvinte venezuelano. Cancelou até a concessão da RCTV, a Globo de lá (a da Venezuela, claro!). Já imaginou se a moda pega? Por isso a campanha para ligar Chavez às Farc e a segunda para dizer que na Venezuela a mídia é perseguida.