Por Vito Giannotti
Lembram da aula de como disfarçar uma mentira que a Veja nos deu em março passado? Pois é. No dia 13 de abril, O Globo repetiu a mesma aula. A lição é simplíssima: afirmar alguma coisa falsa, na capa do jornal, na manchete ou no resumo do artigo; e desmentir-se no corpo do mesmo.
Vamos à preciosa aula.
Primeiramente, vejamos a manchete e a chamada na capa do jornal:
“MST invade fazenda da Ambev em SP. (…) Depois das invasões e ameaças à mineradora Vale, em Minas e no Pará, o MST invadiu ontem uma fazenda da Ambev, em São Paulo. Cerca de 600 famílias do MST ocuparam a propriedade que é produtiva.” (P. 13)
Pronto. O estrago está feito. Sabemos que as estatísticas dizem que a grande maioria dos “leitores” lê muito pouco. Lêem a manchete e o resuminho da notícia, quando muito. Para O Globo é o que basta.
O jornal está em campanha, desde que foi criado, em 1925, contra qualquer cheiro de Reforma Agrária. Por isso é importante pôr seus leitores contra o MST e todo e qualquer movimento que fale daquela palavra maldita: Reforma Agrária. E aí, nada melhor do que mentir e dizer que os vândalos do MST ocuparam a propriedade da Ambev que é ”PRODUTIVA”. Quem disse ao Globo que na terra daquela propriedade se produz, se planta ou se colhe alguma coisa?
No meio do artigo, o mesmo Globo, sem nenhum acanhamento diz: “ O MST alega que além da produção de cervejas da Brahma, a Ambev não produz mais nada no local e que, por isso, as terras já foram consideradas improdutivas pelo Governo federal, razão pela qual o movimento reivindica que a propriedade seja destinada à reforma agrária.”
Logo, apenas sete linhas adiante, o Globo afirma: “A Ambev não rebateu as acusações do que a área é improdutiva.”
E então? Como fica a afirmação feita como uma sentença da Justiça na capa do jornal de domingo? Qual a explicação? Simples. O Globo sabe que 80 ou 90% não irão ler a declaração da Ambev que reconhece que a sua propriedade não é produtiva.
Bela aula, não é verdade?