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[Por Sheila Jacob] Teve grande repercussão, nas redes sociais, a capa da revista semanal Isto É que traz como manchete: “as explosões nervosas da presidente”. Chamam a atenção, de imediato, a futilidade e a superficialidade da reportagem, que afirma que Dilma “perdeu as condições emocionais para conduzir o governo”. A matéria não apresenta fontes, limitando-se a indicar que as informações foram colhidas “segundo relatos” e expressões similares. Chega a publicar uma divergência com a deputada Maria do Rosário, que prontamente negou a acusação, que, se foi feita, não foi minimamente apurada: “Jamais fui desrespeitada por Dilma. Fui apoiada por ela para colocar a Comissão da Verdade em funcionamento e para resgatar a história do ex-presidente João Goulart. Dilma sempre me apoiou no trabalho como ministra. Eu também não me submeteria a um trato desrespeitoso”, afirmou em sua página oficial no Facebook.

A hashtag #IstoÉMachismo foi usada por vários internautas para denunciar que, além do vazio jornalístico, a matéria é machista. Usuários lembraram uma capa semelhante produzida pela revista Época com relação ao técnico da seleção brasileira, Dunga. No caso dele, a “fúria” foi retratada como um “dom” e a matéria sugeria como “usar a raiva a nosso favor”. A Revista Fórum também publicou um texto lembrando que a revista argentina Noticias de la semana, do grupo Clarín, produziu conteúdo semelhante com relação à presidenta Cristina Kirchner em 2013. Na ocasião, também pintaram a imagem de uma mulher desequilibrada na presidência.

Blogs feministas lembraram que esse tipo de ataque às mulheres, que se utiliza da loucura,  não é novidade e tem até nome: chama-se GASLIGHTING. Como explica o coletivo “Think Olga”, essa é uma forma cruel de machismo. Pode ser descrita como uma violência emocional que leva a mulher e todos a seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz. “É muito grave quando a imprensa apresenta esse comportamento – e ela o faz com toda intenção e consciência de seus atos -, pois ela legitima sua ocorrência nas nossas vidas e na vida de todas as mulheres”, publicou o coletivo.