[Por Vito Giannotti] Em várias partes do mundo tem gente de olho nas manifestações do Brasil. E todos estão chocados com a violência das polícias que lembra as ditaduras clássicas de anos atrás. Contra quem toda esta violência repressiva? Contra jovens cansados de serem enganados. Enganados em escolas que oferecem uma educação absolutamente ridícula.
Cansados de transportes que não são um serviço público decente, mas sim uma mamata de lucros altíssimos para os donos dos ônibus, barcas e trens. Sim donos, porque quase tudo já foi privatizado. Jovens cansados de ser enganados com promessas de emprego farto, mas com salários que exigem que a pessoa trabalhe em dois ou três lugares. Por enquanto são quase só jovens que saem às ruas. Logo, se conseguirmos vencer a barreira de ilusões, mentiras e anestesia formada pela Globo, Veja e outras redes de mídia haverá adultos também. Exigindo as mesmas coisas dos jovens.
O preço das passagens é só o estopim. Precisamos de uma política que se disponha a colocar os interesses da maioria em primeiro lugar. Interesses dos trabalhadores e moradores das periferias e não das empresas dos Eikes Batistas, dos banqueiros e do agronegócio. Mas para isso precisa dar um cavalo de pau no rumo atual. O Brasil que era visto como ilha de tranquilidade até ontem, hoje dá aulas de como protestar, sem medo da rebordosa.
Cuidado com os urubus
Desde sexta, dia 14, Globo, Veja e seus amigos estão começando a lamber os manifestantes. Até lá, seu repórteres de rádios, TVs, jornais e revistas, babavam e cuspiam sangue chamando os manifestantes de “vândalos, baderneiros, vagabundos, arruaceiros”. Agora tentam limpar sua barra. Veja dá a pauta da mídia de direita: ”Contra o aumento – A revolta dos jovens”. Ok, não mais “baderna”, mas “revolta”. E como complemento da manchetona: “Depois do preço das passagens, a vez da corrupção e criminalidade?”. Essa é a dica da mídia empresarial. E cadê saúde, educação, transportes decentes, emprego com salário e condições humanas? É só ficar de olho e usar nossa própria mídia para mostrar o que queremos e o que eles querem.