[Por Mário Augusto Jakobskind – Caros Amigos] Não é de hoje que se trava em várias partes do mundo uma batalha pela informação. O objetivo é promover um contraponto à mídia hegemônica, que cada vez mais manipula o noticiário em defesa de interesses econômicos que se contrapõem aos interesses da maioria da população do planeta. E isso não acontece só no Brasil. Nesse sentido, nos mais variados quadrantes, cada vez mais se ampliam espaços midiáticos com informações omitidas pela mídia hegemônica conservadora. Na América Latina, um dos exemplos mais recentes, em funcionamento desde 2005, é o canal venezuelano Telesur, com transmissões em espanhol e inglês, divulgadas em países como Argentina, Venezuela e Estados Unidos, entre outros.

24 horas

Outro canal de televisão informativo que transmite 24 horas em inglês, espanhol e árabe é o Russia Today, conhecido como RT, disponível para 700 milhões de telespectadores nos mais diversos quadrantes do mundo. Também com dez anos de funcionamento ininterrupto, completados em dezembro de 2015, o RT recebeu 1 bilhão de visitas no YouTube. Passou à frente de canais tradicionais como CNN Internacional, Sky News, Fox News, ABC News e Al Jazeera.

Noticiário diferenciado

O interesse despertado pela emissora, que tem estúdios em Moscou, Washington e Londres, deve-se principalmente ao fato de o canal de televisão apresentar noticiário silenciado nas mídias tradicionais. Este, possivelmente, é o cartão de visita da emissora. Ou seja, quem corre atrás de notícias sem subterfúgios, procura sintonizar também a RT, forma encontrada para suprir as deficiências em canais de televisão tradicionais. A RT (www.rt.com) passou a transmitir em espanhol a partir de dezembro de 2009, convertendo-se assim no primeiro canal russo nessa língua em nível mundial. Da mesma forma que a venezuelana Telesur, a RT pode ser vista nas redes públicas e estatais da Argentina e da própria Venezuela.

Em visita, como a realizada por este autor aos estúdios moscovitas da RT, constata-se que a maioria absoluta dos jornalistas das redações em espanhol, árabe e inglês são jovens e do sexo feminino.

A RT em espanhol ganhou vários prêmios internacionais por sua qualidade. Entre os prêmios vale destacar o de abril de 2014 quando o canal obteve o bronze no festival internacional New York Festivals e, no mesmo ano, em agosto, o canal foi finalista do Festival os Media Latam Awards. E o prêmio mais recente foi conquistado, pelo segundo ano consecutivo, na competição nacional e internacional de jornalismo organizado desde 1952 no Clube de Jornalistas do México.

Notícias

Quem acessou a RT nos últimos meses foi informado, por exemplo no conflito do Oriente Médio, que o site Wikileaks revelou que seis semanas antes da derrubada pela Turquia de um caça da Rússia, um conhecido ativista turco que se identifica sobre o pseudônimo de Fuat Avni, previu no Twitter esse incidente. Ou seja, o governo turco, encabeçado pelo presidente Recep Tayayip Erdogan, havia planejado, desde o mês de outubro, derrubar um caça russo. Não deu outra.

Também em primeira mão, publicou a informação que demonstrou com filagens por satélites que o grupo autodenominado Estado Islâmico rouba quantidades industriais de óleo cru sírio e os vende para a Turquia – os russos bombardearam mais de cem caminhões carregados de óleo cru desse esquema. Posteriormente, o presidente Vladimir Putin fez a denúncia, que acabou sendo divulgada pelo mundo a fora, mas, claro, com o texto questionado e sem grande destaque. Na RT é possível ter melhores condições de entender o que se passa neste momento no Oriente Médio e de onde vem o Daesh. E a posição do Ministério do Exterior russo, que considera que a coalizão liderada pelos Estados Unidos simplesmente simula a luta contra a organização terrorista. A porta-voz do Ministério, Maria Zajarova, questiona que, durante um ano sobrevoando a Síria, os pilotos norte-americanos nunca viram caminhões do grupo fazendo contrabando de petróleo. E não se conteve, afirmando que “podemos constatar que talvez a coalizão liderada por Washington simula que está lutando contra os terroristas. E a ineficácia das operações da coalizão está claramente confirmada pelo agravamento do problema”.

Para a Rússia, acrescentou a porta-voz, “é importante que a França, o Reino Unido e a Alemanha sejam capazes de levar a cabo uma contribuição real na luta contra o Estado Islâmico”.

O noticiário científico é também fundamental para quem está interessado em inovações nesta área, o que de alguma forma falta na imprensa brasileira. A RT aprofunda informações de pesquisas arqueológicas e espaciais de grande importância.

Em suma, RT é um espaço importante a ser consultado por quem se interessa em ter informações dificilmente encontradas na mídia hegemônica, useira e vezeira em evitar a divulgação de notícias que podem colocar em cheque as suas versões.

Sugere-se, portanto, que leitores, ouvintes e telespectadores que quiserem ter acesso a notícias importantes, como a do episódio do caça derrubado no Egito e da venda de petróleo por parte do Estado Islâmico ou da denúncia sobre a simulação dos Estados unidos em combater o Estado Islâmico precisarão acessar mídia como a RT. Se isso não for feito, ocorrerá uma carência de informações importantes para a formação de opinião.

Diante de todo este quadro, fica a critério dos leitores ouvintes e telespectadores a escolha do acesso aos canais informativos. Isto é, cada um fará a sua opção: continuar sintonizado em canais tradicionais, que não raramente silenciam sobre determinadas notícias, ou correr atrás de contrapontos informativos?

Você decide de aceita a mesmice ou quer espaços midiáticos diferenciados.