carta  Veja e compare    veja

[Por vito giannotti]  A capa da Veja de 12 de março só podia ser assim. Está na lógica da revista definida por José Arbex como “a maior revista estadunidense do mundo, escrita em português”. Está na dela. Está no script. É só compará-la com a capa de Carta Capital. Mas o mais interessante está numa prática que é tradicional nesta revista. Primeiro afirma uma coisa dizendo que já aconteceu ou poderia ter acontecido. Ou seja, não há provas. Não é certeza que tal fato já tenha acontecido. Logo em seguida, apostando que todos os leitores tenham esquecido que dez linhas acima aquela tal afirmação era incerta, estava-se em dúvida, passa a afirmar, com todas as letras que tal fato aconteceu sim. E ponto final. Agora passa a será verdade. A verdade da Veja. É só olhar na página 43 do artigo referente à capa, com a manchete: “Por que Chávez quer a guerra”. Antes de tudo, quem disse que Chávez quer a guerra? Sabe quem? Bush e sua revista editada no Brasil. Mas vamos deixar pra lá esta manchete. Vamos ao texto. Na segunda coluna desta página está escrito: “Nos arquivos digitais estava a correspondência interna da organização. Nela se pode ler que Chávez entregou, ou iria entregar 300 milhões de dólares ao terror……”. Está claro: entregou, ou iria entregar. Nada de definido.

 

Na página seguinte, num Box “O que diz o laptop de Reyes” a coisa muda de figura. À distância de uma lauda a certeza já chegou à revista. Agora as dúvidas acabaram. Vejamos: “Os terroristas receberam 300 milhões de dólares e a oportunidade de criar… “. E então receberam, ou receberiam? Chavez entregou ou iría entregar estes 300 mil dólares? Para Veja esta dúvida é insignificante. Bobagem pura. Está tudo claro. Entregou, sim. Recebeu sim. E a possível dúvida do leitor como é que fica? Pergunte para Bush.