[Por Sérgio Domingues* – 28.02.2014] Segundo Rezende nossos dados pessoais e “rastros digitais” estão sendo monetizados na forma de poder simbólico para o dono do serviço. Ele diz que “o nome do jogo é controle” e é parte essencial de um plano para “implantar um regime dominante de vigilantismo global”, usando como camuflagem o combate ao terrorismo, ao cibercrime, etc. E lembra também que controle em grego é “cyber”.
Segundo o professor, as “batalhas ainda são pelo controle consentido”. Estariam sendo travadas no “front psicológico, onde a vaidade e o fetichismo funcionam como boas iscas”. Rezende é pessimista. Quem quiser “exercer seu direito constitucional à intimidade e à privacidade”, a saída é não instalar nem usar aplicativos.
Resende diz que o WhatsApp, por exemplo, pode ser chamado de “jardim murado”. A ferramenta só opera onde o seu desenvolvedor permite e envia a servidores centralizados tudo que lhe interessa sobre o tráfego de dados. E destes são retidos “tudo que o dono do jardim quiser, para usar como bem entender”.
Ele conclui a entrevista citando uma parábola bíblica de Mateus. Ela diz que no final dos tempos, os anjos prenderão todos em uma rede. Os justos serão poupados e os perversos lançados ao fogo, onde haverá choro e ranger de dentes.
Os administradores das redes cibernéticas certamente não são angelicais. Se depender de sua perversidade, serão os justos que acabarão rangendo os dentes.
*Sérgio Domingues é sociólogo e autor do blog Pílulas Diárias.