Por Vito Giannotti
Até cem anos atrás, os trabalhadores tinham uma jornada de 10, 12, 14 ou mais horas de trabalho. A origem do 1º de Maio está diretamente ligada à luta pela redução da jornada de trabalho.
Em 1864, em Londres, durante a I Conferência internacional dos trabalhadores, os 50 presentes decidiram que a luta central da classe seria pela redução da jornada de trabalho. Vinte anos mais tarde nos Estados Unidos, na cidade de Chicago, aconteceu uma grande greve geral pelas 8 horas. A repressão dos patrões e seu governo foi violentíssima. Quase mil feridos, mais de 100, e cinco lideres foram condenados à forca. E nada de conquistar as 8 horas.
Século XX: 8 horas de trabalho e muitas outras conquistas
No século XX, em vários países começaram a ser feitas leis que garantiam direitos dos trabalhadores. Após a I Guerra Mundial, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, logo em 1920, recomendou que todos os países implantassem a jornada de 8 horas. Aos poucos, esta e várias outras leis foram feitas sob pressão de milhares de greves de todo tipo de trabalhadores. Foram as chamadas Leis Trabalhistas: 8 horas, descanso aos domingos, férias, licença maternidade, aposentadoria, Previdência Social, salário mínimo entre tantas.
Todas elas são frutos de muitas lutas dos trabalhadores: assembleias, piquetes, manifestações, barricadas, greves e, em alguns países, revoluções políticas que implantaram regimes socialistas.
Os vários governos se viram forçados a fazer concessões para evitar que a classe trabalhadora continuasse suas revoltas. Assim, em vários países a política geral passou a ser chamada de socialdemocrata que ficou conhecida como “Estado de Bem-Estar Social”. Este era um sistema onde os direitos conquistados foram fixados em leis que os patrões tinham que obedecer.
Todo ano, no 1º de Maio, em lembrança daquela greve de Chicago de 1886, os trabalhadores saem às ruas para comemorar as vitórias já obtidas e apresentar suas novas exigências.
A destruição neoliberal atual
Desde 1980 prá cá, os trabalhadores estão atravessando uma crise. O sistema capitalista começou uma profunda transformação para garantir seus lucros. A política geral passou a ser o neoliberalismo e foi implantada a chamada reestruturação produtiva. As palavras da moda foram “Reformas estruturais” e “flexibilização”. O capital passou a retirar direitos conquistados com mais de 100 anos de batalhas operárias. Com isso começaram a ser retiradas, de um a um, as conquistas que estavam garantidas em leis. Leis criadas em consequência de 150 anos de lutas dos trabalhadores.
Hoje, 1º de Maio de 2011, precisamos retomar as lições deste século e meio de lutas para garantir os direitos que sobraram e, mais, conquistar novos. É esta a homenagem que devemos fazer aos “mártires de Chicago”.