Por Vito Giannotti
O Brasil viveu sete anos de crescimento, devido a fatores nacionais e internacionais, e decisões políticas. O capital ganhou muito dinheiro. Carta Capital declara, que os dois projetos apresentados nesta eleição não assustavam o capital. Não é a toa que Abílio Diniz, Setubal e a indústria automobilística apoiaram a candidata que o Leblon e o Itaim Bibi detestam. Não houve a clássica divisão: de um lado, a burguesia; do outro, os trabalhadores.
Não foi a alta burguesia produtiva, moderna que se comportou como uma cria de pitbull com rotweiler contra a candidata da continuidade. Não foi a Fiesp sua principal inimiga.
Qual foi, a classe que combateu com todas as armas, o sonho de quem queria continuar a garantir seu emprego e um mínimo direitos? Quem se horrorizou com a perspectiva de perder a empregada doméstica que dorme no emprego? Quem quis acabar com a possibilidade de qualquer Zé ninguém entrar numa faculdade ou estudar numa escola técnica?
É a classe que não admite que qualquer pé de chinelo possa comprar seu carrinho em 72 prestações. Estes miseráveis estão querendo demais: liquificador, geladeira, TV, celular, tudo! Agora querem ir a lanchonetes e até empesteiam os aeroportos com cada caras! Antigamente era tão bom! Cada um no seu lugar.
A classe enfurecida com o bando de miseráveis, ex-miseráveis, meio-miseráveis que iriam votar na candidata guerrilheira mora nos Leblons, Ipanemas e Barras da Tijucas e Itaim Bibi. Morumbi e Alfaville.
Em Sampa, há dois bairros com o mesmo nome: ITAIM. Um, é Itaim Bibi, da classe alta, chique e ilustrada. Outro é Itaim Paulista: bairro da periferia, dormitório dos que trabalham nas fábricas, lojas, mansões dos do Bibi.
No BIBI, a votação foi 75% no candidato que levantava a Santa. No outro, o PAULISTA, a votação na ex-guerrilheira foi exatamente de 75%. Estranha simetria, não é?
Vamos para a Cidade Maravilhosa: o Rio da Rede Globo. A votação entre o levantador de Santas e a ex-guerrilheira repetiu o que aconteceu na capital paulista. Em OLARIA, zona norte, a votação da Dilma foi de 80,95%. Em Ipanema (irmãzinha do Itaim BIBI), Serra teve 72,84%.
Qual a explicação? Os de Ipanema e Itaim Bibi têm a resposta pronta na ponta da língua: “Esse povinho, esses miseráveis não sabem votar. São comprados, cooptados pelo Bolsa Família, Prouni, Pró-isso e Pró-aquilo.”
Publicado no Brasil de Fato, número 402, edição de 11 a 17 de novembro.