Publicado em 15.06.11 – Por Gizele Martins*

Há 12 anos, o jornal comunitário O Cidadão circula na Maré, um conjunto de 17 favelas localizada na Zona Norte do Rio, que tem uma população de mais de 140 mil habitantes. Esta publicação, da Ong Ceasm, tem como meta divulgar, questionar e defender o que é de interesse do povo. É uma mídia alternativa feita pelo e para o povo. Por isso, o protagonista do jornal O Cidadão é o morador de favela, que busca por meio de seu cotidiano enfatizar a sua identidade local com a defesa de seus direitos. Além disso, denuncia a problemática ausência do Estado no que diz respeito às necessidades mais básicas do mareense.

Diferente da mídia tradicional, que só dedica a página policial para os moradores de favela, O Cidadão traz em suas páginas uma crítica sobre a forma com que a população mais pobre é tratada diariamente: é o caveirão invadindo as ruas, é o hospital público sem a menor condição de atendimento, é a escola sem professores e sem material didático, é a habitação de má qualidade, é o esgoto entupido, dentre outros problemas que o favelado é obrigado a enfrentar. É na busca de melhores condições de vida de seus leitores que os jornais comunitários ganham notoriedade em lugares mais pobres. É a vontade de mudar, de ser respeitado, de ter voz, de ter todos os direitos humanos respeitados, que esse tipo de publicação se fortalece para continuar o seu trabalho de informar e, quem sabe, formar a população.

O Cidadão, que possui 24 páginas coloridas com tiragem de 20 mil exemplares, nestes 12 anos de existência, defende que a comunicação é um direito humano, sim. Um veículo onde todos podem falar, sugerir, questionar e participar de fato. O Cidadão procura defender os interesses dos mais pobres e luta por uma sociedade mais justa e igualitária. A comunicação, assim como qualquer outro setor público, é e deve ser de todos. Não deve pertencer a uma pequena parcela de empresários que detém os meios de comunicação em favor de seus interesses comerciais, políticos e ideológicos.

Não é fácil manter o funcionamento de um veículo de comunicação comunitária. A quem interessa patrocinar um meio comunitário que tem o objetivo de defender e cobrar os direitos básicos dos cidadãos? Interessa à população, ao povo. Por isso, O Cidadão sobrevive. Há 12 anos alguns mareenses decidiram carregá-lo como uma grande arma em defesa dos direitos humanos de cada cidadão do Conjunto de Favelas da Maré. Viva a comunicação comuntária! Viva o direito do cidadão ser Cidadão!

Contatos da equipe do jornal O Cidadão:
Blog: http://ocidadaonline.blogspot.com
Email: jornaldamare@yahoo.com.br

*Gizele Martins é editora do jornal O Cidadão e estudante de jornalismo da PUC-Rio. Este texto foi publicado originalmente no blog do Reimont, vereador pelo PT no Rio de Janeiro