Boletim NPC – Para quais categorias profissionais você já trabalhou?
Tânia Trento – Eletricitários, metalúrgicos (estou retornando), radialistas, portuários, papeleiros, Senalba, Asseio Conservação e Limpeza Pública, Engenheiros-ES e Federação nacional dos Engenheiros – Fisenge (8 anos)…
Boletim NPC – Como foi feita a opção de trabalhar para sindicatos?
Tânia Trento – Na época que me formei, em 86, fui jornalista de rádios e jornal na área de polícia. Depois fui para a TV Vitória, em 1988. Fizemos uma greve na TV e os jornalistas foram todos demitidos, em
Boletim NPC – Quais sindicatos você atende hoje?
Tânia Trento- Metalúrgicos e Sindilimpe
Boletim NPC – Qual o perfil desses trabalhadores?
Tânia Trento- metalúrgicos –
Sindilimpe-ES – a categoria está dividida
entre Asseio e conservação e os trabalhadores da Limpeza Pública. Todos são terceirizados e com baixo nível de escolaridade (1º grau incompleto). Recebem pisos (pouco acima do salário mínimo). Moram na periferia das cidades e em regiões sem infra-estrutura. Há dez anos recebiam mais de 2 salários mínimos. O sindicato é atuante e neste ano, em maio/06 na campanha salarial, fizeram greve de 3 dias. Principalmente os garis têm consciência da sua importância – como primeiro agente de saúde da cidade – e sempre estão dispostos a parar – Neste setor, os homens predominam. Mas são minoria, diante das empregadas das centenas (muitas delas picaretas) de empresas em asseio e conservação. São extremamente explorados nos dois setores. Os garis só recebem parte da insalubridade a que têm direito. É uma categoria muito pulverizada, pois estão em todos os pontos das cidades, bancos, escolas, prédios públicos, instituições. É difícil distribuir os jornais, por exemplo.
Boletim NPC – Quando você senta para fazer um jornal para uma determinada categoria, quais características desses trabalhadores são mais importantes para você?
Tânia Trento- a escolaridade, o gênero, o local onde estão esses trabalhadores. Depois penso na importância das matérias, no formato, na produção em si dos materiais.
Boletim NPC – Quais os instrumentos de comunicação, além do jornal você propõe aos sindicatos que assessora? Quais os critérios que usa?
Tânia Trento- Cartilhas, folderes, out-door, assessoria de imprensa, cursos, sites, clippings, mural, fotografia e um monte de coisas.
Boletim NPC – Como é a relação da sua equipe com a direção dos sindicatos que assessora?
Tânia Trento– Poderia ser melhor. Os metalúrgicos pensam que sabem tudo. Não dão valor ao trabalho da comunicação. Com os metalúrgicos tenho que provar o que falo. Os da limpeza são muito melhores no trato, pois a humildade está presente. Com o Sindilimpe-ES é fácil de entenderem o propósito e os objetivos das campanhas, peças e outros instrumentos propostos.
Boletim NPC – Como esses sindicatos utilizam a ferramenta internet na comunicação?
Tânia Trento- Tanto no metalúrgico como no Sindilimpe-ES, os sites não são modernos, navegáveis e interessantes. Tem informações desatualizadas e eu só atualizo a parte dos jornais. Usam e-mail e eu envio o clipping em forma digital para a diretoria.
Boletim NPC – Qual o papel da Comunicação Sindical hoje?
Tânia Trento– é o papel mais importante no sindicato depois da negociação coletiva. Pode até
ter uma boa negociação, mas se a gente não informar isso para a categoria, não vai ter alcançado o objetivo de que “todos devem saber o que aconteceu, na visão da classe trabalhadora”. Vai vingar o que a empresa disser.
Boletim NPC – Na sua opinião, quais os acertos e o que precisa ser mudado na comunicação sindical?
Tânia Trento– Tratá-la com profissionalismo e respeito. Dar as condições de trabalho e de salário dignos. As direções precisam se capacitar para o novo, ou melhor, como disse o seu marido (Vito Gianotti): “ A comunicação sindical deve refletir as idéias do sindicato. Ou seja, este é um problema de definição política do Sindicato.
O papel da comunicação neste momento continua a ser o de disputar a hegemonia na sociedade com os inimigos dos trabalhadores: industriais, banqueiros, latifundiários, com os patrões, enfim. E naturalmente com os donos do capital mundial: FMI e as multinacionais. É uma disputa com essas forças e com todas as estruturas que os sustentam: organizações patronais, culturais, a estrutura escolar, e com toda a mídia que tradicionalmente sempre esteve a serviço de manter esta chamada ordem. Ordem, que,na verdade é uma desordem.´E a continuação da Casa Grande e da Senzala da época da escravidão.
(Por Claudia Santiago)