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[Por Vito Giannotti] Vejam a manchete do Destak de 4 de junho. Ela fala de um líder político, mas coloca o título: “Sem-terra precisa devolver R$ 3,3 milhões”. Pra que este título? É só pensar em quem são, para a burguesia, os inimigos. Os sem-terra são alguns dos principais! Então, deixe que o povo faça confusão, que pense que o artigo fala deles. Mas espere… Eles vão ter que devolver R$ 3,3 milhões. Devolver? Então roubaram! Sim, a mídia sempre diz que os sem-terra roubam terra dos outros, não é Globo?, não é Folha e Estadão? Sim, os sem-terra são ladrões e ponto final. Mas isso não é nada! No meio da matéria, o jornal fala da ocupação, “pela terceira vez” da Fazenda da Cutrale. Cutrale? Para começo de conversa o jornal patronal esconde que a maioria das terras ditas da Cutrale, não é da Cutrale. São terras griladas, isto é, roubadas. Mas deixe isso para lá. Quero saber o que tem a ver esta “invasão” com a devolução dos R$ 3,3 milhões?

Mas ainda tem muito mais. Poucas linhas abaixo outro assunto: “índios do Paraná invadem a sede do PT”.  O que estes índios têm a ver com a notícia dos R$ 3,3 milhões? Claro, índios e sem-terra são todos invasores. E mais uma: índios invadem uma fazenda em Mato Grosso e querem invadir outras. Esta é uma bela síntese da manutenção da hegemonia. Em resumo: MST é bandido, ladrão; índio é criminoso e igual sem-terra; vagabundos do MST Invadem terras da Cutrale pela terceira vez. Na mídia empresarial nada é por acaso, nada é de graça! O que esta “notícia” quis transmitir?