[Publicado na Adital] A desigualdade existente entre ricos e pobres no seio dos países que compõem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) incrementou-se até alcançar o seu máximo nível em 30 anos, segundo relata um informe elaborado pela instituição.
Assim, o documento assinala que os rendimentos médios do 10% mais ricos da população no conjunto da OCDE supõem atualmente nove vezes mais do que as do 10% mais pobre. Na Europa a proporção é de 9 a 1. Na Espanha de 11 a 1. No Reino Unido, liderando o crescimento da desigualdade na Europa, de 12 a 1 (em 1985 o Reino Unido tinha uma desigualdade de 8 a 1).
A brecha se ampliou inclusive entre países tradicionalmente igualitários, como Alemanha, Dinamarca e Suécia, onde passa de 5 a 1 em 1980 a 6 a 1.
No caso da Itália, Japão e Coreia do Sul esta diferença é de 10 a 1. No Chile e no México a desigualdade supera a razão de 25 vezes a 1, e no Brasil, 50 vezes a 1.
“A desigualdade de rendimentos aumentou para um nível recorde nos últimos 25/30 anos, tanto nas economias de entradas baixas como nas de altas”, disse o autor do informe, Michael Forster, em uma sessão informativa em Londres.
Uma duplicação da proporção dos rendimentos que ganha o 1% mais alto, a mudança na demografia do trabalho e benefícios fiscais menos redistributivos foram as razões principais do aumento da brecha, disse.
O 1% que mais ganhou aumentou a sua proporção nos ingressos de 7,1% de 1970 ao 14,3% em 2005.
“O contrato social começa a se desfazer em muitos países”, advertiu o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, durante a apresentação do informe (Paris, 5 de dezembro de 2011), reconhecendo que este estudo contradiz a teoria de que os benefícios do crescimento econômico automaticamente se derramam em cascata até os menos favorecidos. “Sem uma estratégia completa de crescimento inclusivo, a desigualdade provavelmente continuará aumentando”, disse.