Por Laerte Braga, dezembro de 2004

A nova lei de imprensa da Venezuela é também o novo pretexto das empresas privadas de televisão, principalmente, para fustigar o governo bolivariano do presidente Hugo Chávez e promover nova onda golpista no país, em nome de pretensa e suposta liberdade de imprensa.

Como a nova lei coíbe ações terroristas do setor de comunicação, como aconteceu em abril de 2002 no golpe frustrado contra o presidente Chávez, as elites venezuelanas reagem dessa forma.

Na terça-feira, no Brasil, nos noticiários do canal Globonews, via cabo ou satélite, um repórter da Globo veiculou, o Jornal Nacional também (tevê aberta), um filme supostamente distribuído pelo Hamas, sobre o que foi classificado como atentado terrorista.

O jornalista, Marcos qualquer coisa, do primeiro time da empresa, usou expressões como “carnificina”, reiteradas vezes a palavra “terroristas”, algumas vezes o termo “criminosos” e deu a ênfase necessária para refletir sua “indignação”, enquanto lia o texto.

Ao longo da história do Jornal Nacional, em nenhum momento as ações terroristas, criminosas e genocidas do governo de Israel foram tratadas assim.

Palestinos são sub-gente na concepção colonizada da imprensa latino-americana. A Globo aqui é apenas tomada como padrão da mentira repetida diariamente.

O governo da Venezuela tomou medidas práticas para cobrar do governo terrorista dos Estados Unidos ações pela liberdade de imprensa de fato. A Casa Branca está processando jornalistas que veicularam informações sobre dinheiro despejado nas empresas de comunicação da Venezuela para a propaganda contra a revolução bolivariana. Dinheiro de Washington, claro.

Todo o processo bolivariano é ignorado pela grande imprensa no Brasil. O que é divulgado é distorcido e atende às determinações de quem paga. Foi assim no golpe de abril de 2002, quando a mesma Globo mandou a Caracas a jornalista Miriam Leitão, de extrema-direita e ligada ao sistema financeiro, para uma série de reportagens.

Uma semana antes do golpe a tal série mostrou uma realidade que não existia e falou de um povo indignado com seu presidente, o que ficou provado ser o contrário. A farsa preparava os espíritos para o golpe contra Chávez.

Quinze dias antes do referendo vencido por Chávez por larga margem de votos o milionário das comunicações da Venezuela, Cisneiros, esteve no Brasil a pretexto de lançar um livro, ou comprar aqui uma rede de tevê, enquanto, por baixo dos panos, ajeitava e azeitava a cobertura dos principais veículos nacionais de comunicação para a fraude que viria, a deles.

Não teve como. Nem Jimmy Carter pôde negar a evidência da vitória de Chávez.

Em outubro, portanto há quase dois meses, o presidente bolivariano venceu as eleições municipais e estaduais em seu país, com vários observadores de organizações estrangeiras, conquistando 93% das prefeituras e estados.

O golpe resta como saída para os antigos donos da Venezuela. Banqueiros, grandes corporações estrangeiras, elites podres que levaram um país rico em petróleo à falência, setores privilegiados da indústria petrolífera, todos afastados do centro do poder pelo governo Chávez.

A perspectiva real e concreta que o presidente venha a ser reeleito em 2007 assusta e apavora essa gente, mas principalmente o governo Bush.

Chávez e Fidel Castro assinaram um acordo de ampla magnitude, que na prática rompe o bloqueio imposto à revolução cubana e consolida uma estratégia voltada para a unidade latino-americana. Livre comércio entre os dois países, petróleo a preços possíveis para o governo do presidente Fidel Castro, ações de saúde a partir de médicos cubanos na Venezuela, todo um espectro de resistência e solidariedade transformado por vontade política em ações efetivas.

Isso é intolerável para o governo nacional-socialista de Bush. O IV Reich.

Chávez e Castro assinaram um acordo para a criação da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), ato de reação à proposta colonizadora da ALCA. Foi claro e enfático o comunicado dos dois presidentes em Havana: “ALCA: a expressão mais acabada dos apetites de dominação dos Estados Unidos no hemisfério, que, caso prospere, conduziria à desnacionalização das economias da região e a uma subordinação absoluta aos ditames do exterior”.

Nem dois litros de Jack Daniel’s seriam suficientes para aplacar a fúria do enviado divino encarregado de conduzir os Estados Unidos na tarefa de libertar o mundo.

Há em curso uma ação subterrânea da organização terrorista Casa Branca contra Cuba e a Venezuela.

Esses fatos mostram a importância de uma ampla discussão sobre mídia. Em todos os países latino-americanos. No Brasil, na Argentina, na regra geral, esses veículos são agentes do capital internacional e refletem as mentiras colonizadoras e terroristas dessa nova ordem de barbárie.

Essa discussão, com toda a certeza, não se dará no mundo institucional. Deputados e senadores adoram notas em jornais, adoram votos de congratulações a donos de empresas jornalísticas, medalhas, etc, etc, em troca de um espaço mínimo, uma nota aqui, outra acolá.

Não vão pretender mudar uma realidade que favorece a bancadas como a ruralista, a evangélica (que dispõe de veículos próprios e com alcance nacional), falo do Brasil.

É tarefa do movimento popular. O desafio da comunicação.

O que se passa na Venezuela, o que acontece em Cuba, extraordinários processos revolucionários conduzidos pelo poder popular, entre nós é mostrado como se ditaduras fossem e como se criminosos como Bush tenha consigo a missão de espargir liberdade.

Lula, aqui, já apronta nova ajuda a bancos. Ajudou a vários dos principais meios de comunicação, a Globo inclusive, que estava em situação pré-falimentar. Não percebe que está ajudando escorpiões a atravessarem o rio. Vão picar, é força do hábito, é questão de caráter.

Chávez e Castro simbolizam a América Latina que reage e enfrenta o terrorismo norte-americano.