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[Por Claudia Santiago Giannotti] Uma rápida olhada nas capas de O Globo nos revela que mais uma vez o jornal da família Marinho está envolvido em um golpe contra o Brasil. O grupo, que há pouco pediu desculpas por ter apoiado a Ditadura Civil Militar, insiste na sua política de sempre. Foi assim na eleição de Fernando Collor, na implementação do neoliberalismo no Brasil e é agora no golpe de 2016. Jornais, rádios e TVs do Sistema Globo vem atuando desde a última eleição presidencial para desestabilizar o governo Rousseff. Primeiramente fizeram isso com uma chuvarada de notícias ruins. E depois a partir de uma série de denúncias, algumas sem sentido algum, contra o Partido dos Trabalhadores, atuando para tirar o PT da cena política brasileira. Sobre os outros partidos e os outros envolvidos em denúncias de corrupção, não se fala nada. O depoimento de FHC à Polícia Federal foi tratado com extrema delicadeza, quando tratado foi. O de Lula, por sua vez, foi repleto de truculência, falsificações, explorações vis. A cobertura chocou os mais sensíveis que desligam correndo a TV quando começa o Jornal Nacional porque se sentem mal. E chocou os correspondentes internacionais por tamanha parcialidade, mesmo aqueles que  cobriram as atrocidades do governo Bush na guerra contra o Iraque (Ler “Deus é Inocente, a Imprensa não”, de Carlos Dorneles). Agora este jornal tenta com todas as suas forças legitimar um possível governo Temer. Não vai conseguir. Haverá reação até mesmo dentro da própria Globo.

É verdade que a cara feia da sociedade brasileira se apresentou sem disfarces no dia 17 de abril, durante a abertura do impeachment. É inegável também que cada dia mais caras bonitas aparecem nas escolas ocupadas por estudantes. Que jovens se animam em favelas militarizadas por múltiplas forças a dizer através de redes sociais, de suas músicas, de suas ações e de seus grafites o que querem para o Brasil.

Perdemos a oportunidade de fazer no Brasil uma regulamentação da mídia aos moldes do que existe na Inglaterra. Optamos por atuar nas brechas do sistema através de um grande acordo. A história mostrou que não dá certo. O que dá certo, então, você me pergunta. Confesso que não sei. Mas, como diz Luiz Nassif “Para qualquer pessoa dotada do mínimo de discernimento, não há mais dúvidas quanto à natureza do golpe, deslegitimando ainda mais o novo bloco de poder.”

A Globo vai fazer de tudo para implantar no país a agenda neoliberal mais dura inclusive entregando para o capital estrangeiro o que sobrou da “privataria tucana”. A burguesia brasileira se cansou desta história de “médicos cubanos para atender pobres”, bolsa família, leis para empregadas domésticas. A burguesia mundial não podia conviver com governos de centro-esquerda na América do Sul. Juntos, burguesias nacional e internacional com a sustentação ideológica da rede Globo como mostra João Braga Areas, no excelente “As Batalhas de O Globo”, decidiram que a festa tinha que acabar. Foi assim em Honduras, no Paraguai, na Venezuela, na Argentina. Por que seria diferente no Brasil? Somos por acaso mais bem informados que os hermanos? Faz-me rir.