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[Por Sheila Jacob – 2016] A versão das 129 mulheres queimadas vivas em Nova Iorque em meados do século 19 tem sido amplamente divulgada como a origem do 8 de março. No entanto, é importante lembrar que, apesar de muitas greves de mulheres ocorridas nos Estados Unidos, o Dia Internacional da Mulher foi fixado nessa data a partir de um episódio ocorrido na Rússia em 1917, considerado o estopim da Revolução. Logo, o 8 de março tem uma origem socialista e, neste ano de 2017, completam-se 100 anos do episódio que inspirou a data.

Essa história é contada na cartilha elaborada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). O texto de Vito e Claudia Giannotti é bastante didático e vem acompanhado de ilustrações de Carlos Latuff. A partir da recuperação de mitos e descobertas sobre o assunto, o material serve de fonte de informações e incentivo para que se conheça melhor a trajetória histórica do 8 de março e sua importância para os dias atuais.

A cartilha está sendo vendida por R$ 10,00 na Livraria Antonio Gramsci (Rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Cinelândia). Também preparamos uma promoção (até durarem nossos estoques). Por R$ 30,00, é possível adquirir um kit contendo a cartilha do 8 de março e o Livro-Agenda do NPC de 2017 sobre MULHERES DE LUTA.

Atenção: temos poucos exemplares de ambos os materiais. Para fazer alguma reserva ou então solicitar o envio para outras cidades, basta enviar um e-mail para livraria@piratininga.org.br

Sobre o 8 de março

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[Por Sheila Jacob – 2016] O início do século 20 foi marcado por inúmeras lutas das mulheres no mundo, principalmente pelo voto feminino. Quem viu o filme Sufragistas acompanhou um pouco da mobilização das mulheres inglesas por esse direito. A questão era tão importante naquele tempo que, em 1907, houve a 1ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, com a presença de importantes intelectuais marxistas como Alexandra Kollontai, Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo.

Lá, elas já defendiam que todos os partidos socialistas do mundo deviam lutar pelo voto feminino. Greves passam a ocorrer no mundo todo, inclusive nos Estados Unidos. Em agosto de 1910, a 2ª Conferência Internacional da Mulher Socialista delibera que as socialistas deverão organizar, em seus países, um dia de lutas específico, mas a data não é definida. Assim, cada país escolheu o seu dia: Suécia e França optaram pelo 1º de Maio; EUA pelo 26 de fevereiro; Alemanha pelo 19 de março, e assim foi. Neste mesmo ano, em uma greve em Nova Iorque houve um incêndio, no qual morreram 146 pessoas queimadas, a maioria mulheres. Esse é provavelmente o mito da origem do 8 de março.

Foi em 8 de março de 1917 (27 de fevereiro no calendário russo) que estourou uma greve das tecelãs de São Petersburgo. Essa greve gera uma grande manifestação e é considerada o estopim da Revolução Russa, que explodiria naquele ano. No ano seguinte, Alexandra Kollontai lidera as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher e consagra o 8 de março como essa data, em lembrança à greve do ano anterior. A partir de 1922, o Dia Internacional das Mulheres passou a ser celebrado oficialmente neste dia.

Com o tempo, porém, essa origem socialista da data foi esquecida. Quando, na década de 1960, o movimento feminista ganhou força, principalmente nos EUA, o 8 de março voltou a ser comemorado, mas a história da greve das mulheres de Nova Iorque foi tomando força. Na década de 1970, organizações internacionais, como a ONU e a Unesco, reconheceram a data, após muita pressão e insistência do movimento feminista. Mesmo assim, a explicação escolhida para a data foi a das 129 operárias queimadas vivas, a qual, inclusive, não tem nenhum registro.

Foi para resgatar a mobilização das tecelãs russas em 1917 e o esforço das mulheres socialistas pela instituição da data que nós, do NPC, temos publicado, nos últimos anos, a cartilha A origem socialista do Dia da Mulher.