[Por MST – 12.05.2017] O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra rende homenagens à Nelson Xavier, um dos mais importantes nomes do teatro brasileiro do século XX. Protagonista da cena teatral desde os anos 1950, Nelson Xavier integrou o elenco do Teatro de Arena, e foi autor, em conjunto com Augusto Boal, Dalton Trevisan e Modesto Carone, da primeira peça do teatro brasileiro em que a luta camponesa pela terra assume o protagonismo da cena, “Mutirão em Novo Sol”.
Em busca do contato direto com o público das classes populares, Xavier saiu do Arena e se envolveu com o setor teatral do Movimento de Cultura Popular (MCP) de Pernambuco, o mesmo movimento em que atuava Paulo Freire e em que foi construída a proposta da Pedagogia do Oprimido.
Quando o golpe foi deflagrado em 1964 e o prédio da UNE foi atacado, no Rio de Janeiro, Nelson trabalhava como diretor à convite do CPC na estréia da peça “Os Azeredo mais os Benevides”, de Vianinha. Nelson foi um dos pilares do projeto de articulação de classes que envolvia artistas, estudantes, professores, operários e camponeses. É um símbolo de um projeto popular do Brasil que poderíamos ter nos tornado, caso fossem adiante as Reformas de Base, pelas quais lutavam
Infelizmente, a memória do trabalho de Nelson Xavier como ator de telenovelas da Globo ou de filmes nacionais é o foco exclusivo dos epitáfios nos telejornais e jornais da mídia empresarial. Nada se diz do homem que se empenhou na socialização dos meios de produção da linguagem teatral para a classe trabalhadora, no dramaturgo que retratou a luta de classes brasileira a partir do ponto de vista dos de baixo, contra aqueles que sustentam a desigualdade.
Em agosto de 2012, mais de meio século após a estréia de “Mutirão em Novo Sol”, Nelson Xavier esteve à convite do MST em evento que reuniu cerca de cinco mil camponeses, quilombolas, índios, pescadores e seringueiros em Brasília, para assistir à montagem da peça, encenada por elenco misto da Brigada Nacional de Teatro do MST e do Coletivo Terra em Cena, da Universidade de Brasília. Ao final, Nelson subiu ao palco, e ao lado dos atores, disse estar imensamente feliz por ver que teve sentido a sua luta, a sua vida, ao ver a capacidade de comunicação da peça e as questões que aborda, para aquele público, cinquenta anos após. Como nos escreveu o próprio Nelson na ocasião da reedição do livro “Mutirão em Novo Sol”, pela Editora Expressão Popular: “MST, foram vocês que me fizeram entender que este texto ainda está vivo.[…]”, a obra, o trabalho e o legado de Nelson Xavier, permanecem vivos naqueles que fazendo Arte lutam pela construção de um país mais justo e igualitário.
Levaremos adiante o projeto de construção de um projeto popular para o Brasil!
Nelson Xavier! Presente! Presente! Presente!