I Festival da Comunicação Sindical e Popular vai expor jornais, revistas, cartazes e exibir vídeos produzidos por trabalhadores. No fim da tarde rap, funk e samba.
[Por Equipe NPC – 23.05.2017] A crise em que o Brasil se encontra evidencia, mais uma vez, a centralidade da comunicação na definição dos rumos da política e da vida de seu povo. As elites brasileiras, desde sempre, têm consciência do papel dos meios de comunicação na disputa de ideias e na formação de visões de mundo. Não à toa, seguimos até hoje com uma enorme concentração do setor, que mais se assemelha ao esquema das capitanias hereditárias. Menos de dez famílias recebem do Estado outorgas de rádio e TV e transmitem conteúdo jornalístico e cultural a partir do olhar dos dominantes, sem espaço para as múltiplas vozes existentes na sociedade. Chegam a mais de 90% das casas todos os dias.
Conhecemos bem essa história, que se tornou muito evidente no episódio das Diretas Já, em 1984, omitido pela TV Globo. Ou, ainda, com a famosa edição do último debate de TV entre Lula e Collor no Jornal Nacional, favorecendo o caçador de marajás em detrimento do metalúrgico do ABC. Aqueles foram momentos emblemáticos, mas o massacre é cotidiano, também por jornais, revistas, sites e mídias sociais dos veículos dessa elite, que fazem questão de ocultar e calar a voz dos trabalhadores, oferecendo migalhas de pensamento crítico apenas para fingir equilíbrio. Conhecer já desde muito tempo essa realidade nefasta para a democracia significa que nós, trabalhadores, conseguimos combatê-la? Pelas vias institucionais, não. Não fomos capazes de mobilizar Executivo, Legislativo ou mesmo o Judiciário para regular o sistema de comunicação brasileiro e torná-lo menos concentrado, mais plural e diverso.
A nossa comunicação
Mas existe outro lado dessa luta pela democratização da mídia que merece e precisa ser reconhecido: a produção de comunicação por sindicatos, movimentos e organizações populares que têm desempenhado um bravo papel na tentativa de disputa das visões de mundo, estampando em seus veículos a perspectiva dos trabalhadores sobre os fatos. Aí está o foco do festival promovido pelo NPC, que há mais de 20 anos trabalha, por meio de cursos e edição de publicações, para fortalecer a comunicação da classe trabalhadora.
Sabemos que, mesmo entre os movimentos populares e na esquerda que percebe a importância da comunicação na construção de uma sociedade livre e justa, muitas vezes essa concepção não se reverte em investimentos no setor. Construir veículos, contratar profissionais e colocar em prática estratégias de disseminar as ideias e concepções dos trabalhadores para o maior público possível nem sempre é prioridade. No festival pretendemos expor justamente as iniciativas daqueles de sindicatos e movimentos que têm feito esse esforço. Vamos exibir essas experiências em praça pública para valorizá-las e para que inspirem outras organizações a transformar em produtos concretos o desejo de disseminar visões de mundo alternativas às bombardeadas diariamente pela mídia comercial e tradicional.
Como vai ser o nosso Festival?
Durante um dia inteiro teremos barracas para exposição de comunicação sindical e popular, Vamos levar à população um material alternativo e de qualidade para mostrar o excelente trabalho realizado pelo movimento social.
Participe e ajude a divulgar!
Confira a programação completa:
10h – Abertura do festival com apresentação do coral do Sindipetro-RJ e visita guiada às barracas
11h – Aula pública sobre a greve geral de 1917 no Brasil e a luta pela redução da jornada, com o historiador e cientista político Josué Medeiros (UFRJ)
12h – Aula pública sobre a história da Revolução Russa de 1917, com o cientista político Darlan Montenegro (UFRRJ)
13h – Apresentação teatral do grupo En La Barca Jornadas Teatrais, com a peça “Antônio de Gastão: memória é trabalho”
14h – Exibição do filme “Vila recreio 2: sonhos removidos”
14h15 – Aula pública sobre globalização, trabalho e comunicação, com o cientista político Reginaldo Moraes (USP)
14h50 – Exibição do filme “Irmão do Morro
15h15 – Apresentação teatral do ator Carlos Maia, com a peça “Meu Ofício”
15h30 – Apresentações de experiências de comunicação sindical e popular, com Ana Lucia Vaz (UFRRJ), Camila Marins (Fisenge) e Kátia Marko (SindsepeRS e Andes/UFRGS), Arley Macedo (TV Tagarela), Tainã (Papo reto), Abaixo-Assinado (Almir Paulo), Taís Cavalcanti e Carol Vaz (Jornal Cidadão), Gizele Martins (Blog A Mareense)
17:00h – Roda de Funk e Rap com Repper Fiell, MC Julião, MC Leonardo
18:30h – Show de encerramento com roda de samba do grupo de mulheres “É Preta”